IBGE coordena padronização do relevo brasileiro com aval da comunidade científica

Com a iniciativa de uniformizar as diferentes maneiras de representar o relevo, o IBGE está lançando o Relatório Técnico do 1º Workshop sobre o Sistema Brasileiro de Classificação do Relevo. A publicação, com cerca de 70 páginas, formaliza os compromissos assumidos pela comunidade científica no encontro realizado em novembro de 2019, no Rio de Janeiro (RJ), e convoca a sociedade a interagir com o IBGE para ampliar esse trabalho.

Ainda hoje (29), haverá a transmissão ao vivo de uma mesa redonda com especialistas no tema aberta ao público, a partir de 17h, no canal da União da Geomorfologia Brasileira (UGB) no YouTube. “Trataremos das demandas, desafios, ações e proposições sobre um sistema nacional de classificação”, adianta a geógrafa do IBGE Rosangela Botelho, uma das palestrantes da live de hoje e coordenadora técnica da publicação.

Rosangela ressalta que o IBGE possui metodologia e padronização para mapeamento de relevo já consagradas nos manuais técnicos do Instituto, mas o Brasil como um todo ainda não tem um sistema unificado de classificação de relevo. “Em quase 50 anos, o IBGE mapeou o país através de uma reconhecida e difundida estrutura de taxonomia de relevo. No entanto, diversas outras metodologias têm surgido, o que tem gerado uma falta de diálogo entre os mapeamentos, com frequente incompatibilidade”.

Montanha ou Serra?

Reunida no Workshop, a comunidade científica decidiu que caberia ao IBGE liderar o processo de organização do conhecimento, a fim de facilitar a vida tanto do especialista (o pesquisador) quanto do público em geral. Mas também houve intensos debates. Um dos mais acalorados tratava da intrigante questão: os compartimentos de relevo mais elevados devem ser chamados de montanha ou de serra? “De fato, ainda há dúvidas quanto a isso”, atesta Rosangela.

Diante da incerteza sobre o melhor termo, os especialistas voltarão ao tema no 2º Workshop sobre o Sistema Brasileiro de Classificação do Relevo – inicialmente marcado para este ano, em Curitiba, mas reagendado para 2021 devido à pandemia. Portanto, ainda vai levar alguns anos até que se chegue à unificação de todos os termos e conceitos, sobretudo num país tão extenso e repleto de regionalismos. “O importante é que se trata de uma construção coletiva, com a participação da sociedade”, enfatiza a geógrafa do IBGE.

Apesar de algumas divergências de opinião, ao menos um importante consenso foi alcançado: a definição do primeiro nível taxonômico (a etapa de classificação mais genérica) com os grandes conjuntos de relevo do Brasil. Os cientistas chegaram à conclusão de que o primeiro táxon seria formado com base no relevo (morfologia) e não na geologia (substrato rochoso). Assim, poderemos ler nos mapas escolares os Tabuleiros Costeiros sendo descritos por este nome simples, e não como “Bacias e Coberturas Sedimentares Fanerozoicas”, por exemplo.

Mesmo impedidos de trabalhar lado a lado durante a pandemia, os geocientistas mantêm o dinamismo das pesquisas, visando ao próximo Workshop. “Neste momento, grupos de trabalho direcionado e núcleos locais colaborativos estão em intensa atividade de estudos e debates, a fim de apresentarem suas conclusões no ano que vem”, finaliza Rosangela.

Para mais informações sobre esse assunto acesse a página do IBGE na Internet – www.ibge.gov.br ou diretamente na Agência de Notícias IBGE – http://agenciadenoticias.ibge.gov.br/

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