ALNM homenageia centenário de Cármen Brochado Costa

 ALNM homenageia centenário de Cármen Brochado Costa

A Academia de Letras do Noroeste de Minas em sessão solene no dia 14 de fevereiro fez uma justa homenagem a acadêmica, poeta, professora Cármen Brochado pelos seus 100 anos de vida.

Artistas locais apresentaram “MORRO DO OURO”, o poema mais conhecido de D. Cármen, interpretados pelas acadêmicas Help, Maria Teresa, Hellen, Terezinha e pela artista Ruth.

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Apresentação do Coral Stela Maris

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A irmã Simoni Angelino, do colégio Dom Eliseu, acompanhou alunos da instituição em apresentação de música pelos alunos da instituição.

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Apresentação de de teatro através  de sombras pela professora da UNB e sobrinha da homenageada Isabela Brochado

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Help com o poema Descanso

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Tadeu Brochado Costa filho da homenageada apresenta alguns poemas

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Apresentação da neta Ana Lara com o poema Somente Perdido

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Entrega de placa pelo acadêmico Dom Leonardo a filha da homenageada Christina Costa

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Fala de autoridades e representantes de entidades

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Jair e dona Sílvia dançam tango

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A biografia com a acadêmica Benedita dos Reis Soares Costa e um breve relato da sua convivência pessoal com a poeta Cármen Brochado Adjuto.

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  1. Carmen

14-02-2020

Bem vindos a essa sessão solene da Academia de Letras do Noroeste de Minas em Homenagem a d. Carmem Brochado Costa, nossa confreira, uma das fundadoras desse sodalício. Cumprimento aos membros que hoje compõem essa mesa, aos filhos, netos e bisnetos de D. Carmen, aos inúmeros outros familiares que se fazem presentes e também aqueles que não conseguiram estar presentes, seus amigos e amigas, ex alunos e principalmente ex alunas, pois ela foi professora predominantemente do curso normal, frequentado quase que com exclusividade àquela época por mulheres. Agradeço imensamente a Dalinha, Suely, Help, Ruth e Florival, que foram incansáveis no planejamento desse evento. D. Coraci, sempre presente em todas as nossas atividades, infelizmente não pôde comparecer, mas enviou um abraço a todos.

Abrir essa sessão solene, destinada a uma homenagem tão especial, é para mim, ao mesmo tempo, uma honra, um prazer e um desafio. Como uma historiadora, forjada no rigor das normas técnicas, vai conseguir a leveza necessária para se referir a uma poeta de grande sensibilidade que desenhou em palavras lindas paisagens bucólicas de nossa velha Paracatu? Como uma acadêmica que entrou para esse sodalício a meros três anos pode conseguir alcançar o significado que teve essa fundadora durante os primeiros anos da Instituição? Já que não tenho esse olhar poético e artístico como o dela e o de tantos dos seus familiares, me dirigirei a vocês como representante da nossa querida ALNM e como historiadora que se dedicou a aspectos culturais da sociedade e à análise de gênero.

Se nos voltarmos para a época em que D. Carmen começou sua vida profissional, vamos identificar nitidamente, no caminho que ela escolheu trilhar, as influências do movimento modernista e reflexos das lutas feministas que apenas se iniciavam. A semana de Arte moderna de 1922 subverteu o cenário cultural brasileiro, e a década de 1930 deu às mulheres acesso ao voto como fruto de uma luta aguerrida, Juscelino acendeu a chama da esperança de um país mais próspero e moderno desde os tempos de prefeito de Belo Horizonte em 1940, governador de Minas em 1950 e presidente do Brasil em 1956. Toquei em 3 pontos que considero terem sido norteadores da vida de D. Carmen.

Começando pelo movimento modernista, encontramos na jovem Carmen a liberdade de traços em seus desenhos juvenis e depois a brasilidade e a força dos seus versos, que falam da sua terra, da sua história e dos seus costumes, com a leveza e o humor que lhe são peculiares, com o otimismo dos que enxergam beleza nas pequenas coisas.

Ter sido tocada pelo movimento feminista se manifesta pelo empenho em estudar, trabalhar, construir sua independência, viver de acordo com suas próprias concepções, se vestir com liberdade. Seu feminismo se manifestava pelas suas posturas, sua conduta, seu modo de ser e suas relações com os outros. Quando ela tinha 14 anos, sua vizinha Dondona publicou um livro de filosofia. Não tenho nenhuma informação que me habilite a estabelecer alguma relação entre sua dedicação aos estudos e o exemplo que recebia também da casa vizinha, mas sempre é possível fazer esse tipo de indagação. Cristina me disse que ela reconhece a influência das poesias das primas Beatriz e Branca. Filha de um médico muito querido e reconhecido pelo seu trabalho pela população paracatuense, que foi escolhido para patrono de uma das cadeiras da nossa associação, deve ter levado para a vida também esse espírito de trabalho e dedicação.

Por fim, o último ponto por mim escolhido como provável influência que ela pode ter absorvido, está o inabalável otimismo e a ousadia que caracterizaram os anos JK em Minas e no Brasil. Tempos em que os brasileiros passaram a considerar a possibilidade de sonhar e ver os sonhos realizados, que se deixaram contagiar pela alegria de viver de nosso mineiro de Diamantina, que buscaram se inspirar em sua modernidade e dinamismo. Afomos levados a acreditar no Brasil e em Brasília. Ela acreditou, pois se dedicou a fazer surgir um colégio, a ganhar corpo o projeto da sua irmã Marta de abrir em Paracatu uma APAE, de ir para Brasília dar sua contribuição, levar sua experiência de professora, gestora e artista.

A ALNM se orgulha imensamente de ter em seus quadros uma mulher como D. Carmen, inovadora, desbravadora, corajosa e generosa, que fez da educação sua razão de existir. Parabéns aos seus filhos, netos e bisnetos pela mãe, avó e bisavó que hoje homenageamos.

Aos que não conhecem a Academia de Letras, fica nosso convite para conhecer o velho e formoso casarão que nos foi doado por nossa confreira benfeitora, D. Zenóbia Vilela Loureiro. Aos que prezam nossas tradições, cultura e patrimônio, fica nosso convite a colaborar conosco para a manutenção e preservação do prédio, assim como para a viabilização de projetos culturais e literários.

Lançamos no ano passado o primeiro número da nossa Revista Entre Letras e estamos com edital aberto para recebimento de trabalhos para o segundo número que sairá no segundo semestre. Esse ano realizaremos a Primeira Feira Literária de Paracatu, FELIPA, um projeto aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura e financiado pela Kinross. A semente plantada pelos fundadores continua germinando e gerando frutos.

Queremos agradecer o apoio dado pela Câmara Municipal de Paracatu e pela Casa de Cultura para que esse evento pudesse ser realizado e aos acadêmicos e amigos que nos ajudaram na preparação dessa homenagem. Parabéns D. Carmen pelo seu aniversário, Parabéns Paracatu por mais essa filha ilustre, e parabéns família Brochado Costa pelos cem anos bem vividos de sua matriarca.

fotos do evento:

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O Lábaro

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