A VIDA E O RIACHO

Desde o olho d’água ou nascente é possível ver um borbulhar de vida, é a água brotando vindo à tona, surge ela limpa, saudável, pronta para o consumo.   Assim também surge o ser com vida, diz-se que nasceu um garoto ou garota, faz-se festa, comemora a vinda da pessoa para esse mundão de meu Deus.   A partir do surgir da água essa dá início a um percurso que pode ser longo, corre ela silenciosa e mansa seguindo em queda natural, surge obstáculo ela se une gota a gota, e, quando menos esperamos ela supera a barreira ou barragem e reinicia “sua viagem”, desce por quedas em cachoeiras, aumenta suas forças com a bênção das chuvas, recebe e se transforma em afluentes, segue a água, se água tivesse olhos jamais olharia para trás, como se cumprisse uma sina, faz apenas pequenas pausas em lagos, perde força com a evaporação, mas continua tipo para atingir sua finalidade e objetivo.   A água que de um pequeno rego se transforma em RIACHO, ganha e perde nome, corre como manda o vento e um dia se perde em definitivo junto a outras águas, da mesma forma que veio, desaparece, não conserva nem mesmo a identidade (nome), e, por obra divina no mesmo broto d’água de antes ressurge limpa, imaculada, para de novo cumprir novo ciclo rio abaixo.   Aí você pergunta e a vida?   A vida não difere muito disso, a pessoa dá início na caminhada, mais fácil para uns, difícil para outros, dias de brisa, outros de tempestade, trabalho, descanso, tropeços e tombos, barreiras tão altas que uns transpõem, outros sucumbem pelo caminho.   Uns deixam marcas, alguns passam despercebidos, tem quem vá lentamente, outros aceleram, muitos miram o futuro e seguem, diferentemente tem quem se prenda no passado e caranguejam pela vida.   Bobo daquele que afirmar convicto dando receita certa de como levar a vida, se correndo ou caminhando.   Absolutamente sem receita, a vida de cada um é de cada um.   Apenas penso que RIACHO ou a água dele e VIDA de cada um em muito se assemelham, surge, inicia a “viagem”, deixando ou não marcas em certo momento se vão, desaparecem (evaporam), viram pó, para em algum ponto, de alguma maneira, num novo olho d’água, mais água se unir na formação de outro RIACHO, ou num outro canto de mundo outra VIDA surgir reiniciando nova caminhada.   Assim é que é.

Miguel Francisco do Sêrro – Historiador

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