COVID-19: Hospital Municipal de Paracatu recomenda tratamento precoce

O diretor interino do Hospital Municipal Alex Fernandes Tosta publicou, no dia 25 de fevereiro, ofício no qual  é recomendada a utilização de medicamento no tratamento precoce contra a COVID-19 sem evidência científica de eficácia comprovada.

Depois de várias especulações nas redes sociais e matéria publicada no Jornal Estado de Minas no dia 3 de março, “Medida sem eficácia comprovada é adotada pelo Hospital Municipal de Paracatu, embora desaconselhada pela OMS e autoridades sanitárias nacionais.”, procuramos a Secretaria Municipal de Saúde e através da comunicação responsável pela pasta foi nos enviado o oficio que segue abaixo e também recebemos o depoimento do Josué de Brito, estudante do 6º ano, último ano de Medicina da  UniAtenas.

Nota da Secretaria Municipal de Saúde sobre o ofício nº 219/21 do Hospital Municipal

A Secretaria Municipal de Saúde informa que soube do conteúdo do ofício nº 219/2021 somente após a sua divulgação e que está avaliando o caso para definir quais ações serão tomadas. O autor do ofício foi convidado a apresentar os estudos citados no termo, para que o Comitê de Saúde ao Enfrentamento ao COVID-19, Conselho Municipal de Saúde e a Secretaria Municipal de Saúde, assessorados pelas equipes médicas de linha de frente, possam debater o tema e então definir os melhores protocolos medicamentosos para os casos de covid-19.

A Secretaria Municipal de saúde vem tomando medidas em relação ao combate à pandemia, dentre elas: inauguração em 26 de fevereiro do Centro de Atendimento Covid-19, no Hospital Municipal da cidade. Com este Centro, houve a ampliação dos leitos de enfermaria de 16 para 20, podendo chegar a 22. Também há a previsão de ampliação dos leitos de UTI exclusivos para covid-19, de 7 para 10 vagas.

A prefeitura adquiriu 20 “capacetes-respiradores”, equipamentos que auxiliam no tratamento de casos graves da covid-19, reduzindo a necessidade de intubação de pacientes.

A prefeitura de Paracatu segue com a campanha de vacinação, imunizando os grupos prioritários seguindo as recomendações do ministério da Saúde e da Secretaria de Estado de Saúde.

Assessoria de Comunicação

 

Depoimento do estudante de Medicina da UniAtenas, Josué de Brito

Acredito que a prefeitura de Paracatu está errando muito na gestão da pandemia em um momento que não poderia mais. Sei que essa questão do “tratamento precoce” está envolta por um ambiente político desolador, contudo há estudos hoje suficientes para se descartar benefícios em hospitalização ou em mortalidade. Impressões pessoais ou relatos, mesmo que de especialistas, jamais podem se sobrepor ao que está cristalino na literatura científica séria e é recomendado por sociedades médicas, como a Sociedade Brasileira de Infectologia. Nossa cidade vem adotando o “tratamento precoce” desde a administração anterior. A situação atual não nos deixa margem interpretativa, não funciona. Estamos em uma situação nunca antes vista na saúde municipal. Embora respeite muito os atuais gestores e médicos que optem por esse caminho, talvez até pela necessidade de “dar uma resposta” para a população, acredito que devemos nos mover pelos princípios da bioética, especialmente pelo “primum non nocere”, isto é, primeiro não fazer mal. Os medicamentos utilizados oferecem risco desnecessário aos pacientes. Por outro lado, ações mais duras, como medidas restritivas foram tardiamente tomadas e, não creio, que de forma tão expressiva. Estamos, no Brasil como um todo, agindo apenas de forma reativa. É preciso ação, tomar a frente, às vezes, adotar mesmo medidas impopulares. Todos estamos lidando pela vida, afinal.

segue o link do Jornal Estado de Minas: https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2021/03/03/interna_gerais,1242844/covid-19-paracatu-recomenda-tratamento-precoce-vice-prefeito-se-contradiz.shtml

 

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