Arte na Passarela II: Paracatu celebra sua identidade no Largo da Jaqueira

Uma noite em que a cidade brilhou entre memória, arte e futuro
Na noite de 12 de setembro de 2025, o Largo da Jaqueira se transformou em palco vivo da memória, da arte e da criatividade paracatuense. A Associação dos Amigos da Cultura (AACP) reuniu artistas, artesãos e a comunidade em um espetáculo que misturou emoção, beleza e pertencimento, celebrando não apenas o fazer artístico, mas a própria vida da cidade.
A abertura foi marcada por agradecimentos ao Prefeito Igor Santos, ao vice-prefeito Pedro Adjuto, ao secretário de Cultura, Thiago Venâncio, à equipe da Fundação Municipal Casa de Cultura e à diretora Vera Lemos, parceiros que, com apoio e dedicação, ajudaram a tornar possível essa festa da cultura.
Mas os grandes protagonistas da noite foram os artistas, cada um com sua contribuição singular para a construção do brilho coletivo:
- A costureira Gilvane, em nome de tantas mãos criadoras que transformam tecidos em poesia.
- A Loja Madame Tecidos, representada por Ronilson, mostrando que o comércio local também veste sonhos.
- Os cabeleireiros e maquiadores Felipe Torres, Jonatha, Suíla e Lorrany Botelho, que moldaram beleza com delicadeza e arte.
Arte na Passarela
Esse projeto é uma iniciativa da AACP – Associação dos Amigos da Cultura de Paracatu, que desde 1996 atua, sem fins lucrativos, sem vínculos partidários ou religiosos, pela preservação e conservação do patrimônio histórico e cultural da cidade.
Foi em 2003 que nasceu a Arte na Passarela I, quando a renda arrecadada ajudou nas obras emergenciais da Igreja de São Sebastião do Pouso Alegre, uma pequena ermida erguida no início do século XIX, guardiã de histórias e fé na paisagem paracatuense.
Nesta edição, com a Arte na Passarela II, o propósito se renova: dar visibilidade e estímulo à produção artística e artesanal, fortalecer o comércio sustentável, movimentar a vida cultural e turística de Paracatu. Mais do que um desfile, a passarela se converte em rio de memórias, em estrada de identidade, em horizonte de futuro.
O espetáculo da criação
O programa da noite convidou o público a mergulhar nas origens, evocando a pergunta essencial: quem somos, de onde viemos, para onde vamos?. A abertura trouxe os quatro elementos, terra, ar, água e fogo, representados por artistas locais, além da entrada simbólica de Adão e Eva, interpretados por Junior e Ingrid Yumi.
- Terra: Janaína Campos.
- Ar: Luciene (Academia Corpus).
- Água: Carol Giatti (Studio de Dança).
- Fogo: Zé do Badauê.
Arte vestida na passarela
O desfile se transformou em narrativa visual da identidade paracatuense, com roupas confeccionadas pela costureira Gilvane a partir de artes criadas em 2025, pinturas, bordados, crochês e macramês. Cada peça carregava a marca de um artista, cada modelo desfilava mais que roupas: desfilava memória, ancestralidade e poesia.
- Beth Gonçalves / Marlene Gama – Tradições religiosas, lendas e mitos do imaginário popular.
- Diego Almeida / Zilá Alves – A onça pintada, símbolo do cerrado e de resistência.
- Eucária Birro / Júnior Mattos – Religiosidade de Dona Tataia, em anjos e flores de papel crepom.
- Frederico Mendonça / Lourival Muniz – O tucano e a árvore pau-de-viola, símbolos regionais.
- Liza Bonato / Vera Caetano – Crochê em tons terrosos, top e minissaia que dialogam com a terra.
- Marcele Adjuto / Marisa Adjuto – Bordado que retrata fauna e flora do cerrado.
- Marília Brochado / Janaína Campos – Ipês amarelos, força da cor e vida na paisagem.
- Graça Jales / Fábio Ferrer – Arquitetura colonial jesuítica como memória e apelo à preservação.
- Help / Rosália Pereira – Vestido em crochê, colorido e vibrante, construído em quadrados.
- Larissa da Silva / Cibele Bartels – A personagem Efigênia do São Domingos, ícone popular.
- Luisa de Souza / Vanessa Julianny – Amor e família em torno da Igreja Matriz de Santo Antônio.
- Michele Andrade / Eliana Melo Franco – Mulher negra como força da identidade paracatuense, entre lenda e realidade da mulata fidalga.
- Paulynne Lima / Flávio Costa – Expressão colorida da Casa de Cultura e casarios do Largo do Rosário.
- Rafaela Lisboa / Cleni Diniz – Igreja Matriz como símbolo de fé, memória e história.
- Help / Keli Evangelista – Caretagem em estilo cubista, resgatando o folclore afrodescendente.
- Ruth Brochado / Neusa de Faria – Bordados que retratam cotidiano, lavadeiras e ipês amarelos.
- Tatiana Santiago / Maria do Céu – A delicadeza poética da imagem feminina entre flores.
- Thiago Venâncio / Arely Neiva – Araras em voo, grandiosas nos céus do cerrado.
- Diego Morais / Elaíse Gomes – Tons terrosos em sementes e frutos do cerrado.
- Uldicéia Riguetti / Luísa de Souza – Caretagem, manifestação popular afrodescendente, pulsando ancestralidade.
Tradição e continuidade
Na segunda parte, os modelos revisitaram criações de 2003, peças históricas que resgataram a memória da primeira edição do Arte na Passarela. O evento reafirmou sua vocação de unir arte e preservação, sempre com olhar voltado ao futuro.
E para fechar a noite, Enos e banda embalaram o público, costurando com música o fio que uniu emoção, cultura e pertencimento.
No Largo da Jaqueira, cada gesto, cada criação e cada aplauso reafirmaram: Paracatu respira cultura, e nela encontra sua eternidade.
Credito das fotos Diego de Paula e Douglas Fernandes
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