Taxação dos EUA sobre produtos brasileiros acende alerta em MG e no setor de transporte rodoviário

 Taxação dos EUA sobre produtos brasileiros acende alerta em MG e no setor de transporte rodoviário

Presidente do Setcemg faz uma análise crítica sobre o cenário

As tarifas de importação de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, medida que promete impactar diretamente setores estratégicos da economia nacional, entraram em vigor nesta quarta-feira, 6.  A nova taxação gera preocupação quanto à competitividade dos produtos brasileiros e à sustentabilidade das cadeias produtivas, especialmente no agronegócio, de acordo com o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg), Antonio Luis da Silva Junior.

Segundo o dirigente, os impactos ainda não são totalmente mensuráveis, mas a gravidade da medida é evidente. “Inicialmente os impactos não dão para ser medidos, mas enfrentaremos situações difíceis. A taxação vai impedir a exportação, principalmente da parte de café e da agricultura. O efeito é retardado, mas vai existir. Se a pessoa deixa de exportar, deixa de produzir, de enviar, obviamente vai ter menos transporte, e isso afeta toda a cadeia”, ressalta.

De acordo com o presidente do Setcemg, o transporte rodoviário será duramente atingido. Ele explica que, com a redução nas cargas exportadas, o volume de movimentações diminui e gera efeitos colaterais diretos, como cortes de produção, desemprego e desaceleração econômica regional.

Para além das tarifas, Silva Junior chama atenção para um conjunto de desafios que o setor de transporte já enfrenta, como a insegurança jurídica, os altos custos operacionais, a falta de investimentos em infraestrutura e o fim da desoneração da folha de pagamento.

“Estamos passando por um momento nunca vivido. Extremamente difícil. Temos uma insegurança jurídica seríssima, preços defasados para os serviços prestados e nenhum sinal do governo federal de que vai investir em infraestrutura para o setor crescer”, enfatiza.

O presidente do Setcemg reforça que o estado das rodovias mineiras é precário, especialmente nas regiões com maior fluxo de cargas. “Tenho rodado muito pelo interior e estou assustado com as condições. Trechos estreitos, malconservados e sem sinalização. As rodovias estaduais precisam urgentemente de atenção, principalmente onde há trânsito intenso de caminhões.”

Interiorização

Com a vocação agrícola de Minas Gerais, que vem se consolidando como protagonista nacional na produção de soja, milho, girassol, algodão e até vinhos, o presidente do Setcemg reforça que a taxação dos Estados Unidos impactará diretamente a economia mineira, especialmente em regiões como o Noroeste e o Alto Paranaíba, grandes polos de grãos e café.

“O estado será atingido como um todo. O minério ficou de fora, mas grãos, café e produtos industrializados não. Minas tem tudo, grãos, café, minérios especiais, siderurgia, indústria automotiva, celulose e tecnologia. Com planejamento, Minas pode sair melhor do que o Brasil nesse cenário, mas é preciso ação concreta.”

Diante disso, o dirigente diz que o Setcemg tem apostado na interiorização das ações e na formação de delegacias regionais para apoiar transportadores locais. A próxima unidade será inaugurada em setembro, em Governador Valadares, e a outra está prevista até o fim do ano em Conselheiro Lafaiete ou Congonhas.

“Estamos indo para o interior porque entendemos que o agro hoje já passou o minério em exportações. E se a taxação complicar, precisamos estar próximos do transportador, apoiando para manter Minas forte”, destaca.

Por fim, o presidente do Setcemg faz um chamado. “As federações conversam, mas estamos precisando de mais ação. O Estado é importante demais. Se todo mundo trabalhar com foco, Minas pode reagir e até liderar a recuperação nesse cenário difícil que estamos vivendo.”


Ivana Andrade
Assessora de imprensa

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