Matriz de Santo Antônio: símbolo de fé e história recebe investimento para evitar colapso estrutural

Templo de quase três séculos, coração religioso e cultural de Paracatu, começa a ser restaurado após anos de espera e risco iminente de desabamento
Em um gesto de compromisso com a memória, a fé e a cultura de Paracatu, a Prefeitura, por meio da Procuradoria-Geral do Município, assinou nesta segunda-feira (28) a ordem de serviço que autoriza o início das obras emergenciais na Matriz de Santo Antônio. A solenidade contou com a presença de representantes da Mitra Diocesana, do Ministério Público de Minas Gerais e de membros da comunidade civil e religiosa.
O templo, erguido na primeira metade do século XVIII, é mais do que uma construção. É alma viva do centro histórico de Paracatu, guardião de tradições seculares, encontros comunitários e celebrações que moldaram a identidade local. A Igreja Matriz, que completa 275 anos de história e 270 anos como paróquia em 2025, vive hoje um de seus momentos mais delicados: está em situação crítica, com risco iminente de desabamento.
Preservar é resistir
O investimento inicial será de R$ 1,5 milhão, destinados a obras emergenciais de contenção e estrutura. Em 2026, mais R$ 1 milhão será aplicado em uma reforma mais ampla e definitiva. O objetivo é preservar o templo para as futuras gerações, restaurando não apenas sua arquitetura, mas também seu papel essencial como espaço de convivência, espiritualidade e memória coletiva.
A cerimônia de assinatura da ordem de serviço reuniu lideranças importantes: o prefeito Igor Santos, o vice-prefeito Pedro Adjuto, o bispo Dom Jorge, o pároco padre Valdeci, a promotora Camila Hatizuka Tokutsune (3ª Promotoria de Justiça), o Procurador Geral do Município, Leandro Reis, o Secretário M. de Cultura, Thiago Venâncio, o vereador Jorge Linsdesk, proponente do requerimento, as representantes da Associação dos Amigos da Cultura, Maria do Socorro (Help) e Graça Jales e representantes da sociedade civil.
Uma igreja que narra à história
Com seu frontispício simples, ausência de torres e volume arquitetônico que remete às construções religiosas de Goiás, a Matriz de Santo Antônio é um raro exemplar da arquitetura colonial brasileira. No interior, guarda sete altares de estilos distintos, dos quais quatro ainda inacabados, além de um arco-cruzeiro em estilo D. João V, provavelmente o mais antigo da igreja.
As talhas do púlpito e da balaustrada, mesmo sem policromia, revelam a sofisticação do artesanato da época. O altar-mor, originário da Igreja de Sant’Ana, é mais uma preciosidade de valor incalculável.
Mais do que uma construção, a Igreja de Santo Antônio é palco de importantes festividades religiosas, como a tradicional festa do padroeiro, a Semana Santa e o Corpus Christi, eventos que mantêm viva a devoção e movimentam a economia e o turismo local.
Um compromisso coletivo com a cultura e a fé
A assinatura desta ordem de serviço simboliza a união de esforços entre poder público, sociedade civil, Ministério Público e Igreja para salvar um dos maiores patrimônios de Minas Gerais. Mais do que reparar paredes e telhados, trata-se de restaurar um símbolo de resistência, fé e pertencimento.
Nesse momento de união e cuidado com nosso patrimônio, é também necessário um apelo à consciência coletiva: os arredores da Matriz de Santo Antônio não devem ser tratados como um simples estacionamento. Estacionar veículos junto às fachadas, é um desrespeito ao espaço sagrado, contribui para o desgaste físico da estrutura e compromete a preservação desse bem tombado.
É hora de toda a comunidade paracatuense se mobilizar e valorizar este templo que, há quase três séculos, abençoa a cidade. Que o gesto de hoje ecoe como um compromisso coletivo de que nenhuma pedra da nossa história será esquecida.
Porque preservar a Matriz de Santo Antônio é preservar a alma de Paracatu, com respeito, reverência e responsabilidade.
Fotos do momento!
Preservar um patrimônio como a Igreja Matriz de Santo Antônio, com quase três séculos de história, é manter viva a memória de um povo.
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