Tradições que Adoçam a Memória: Cidade celebra encerramento de projeto cultural e inaugura a Exposição de Guirlandas
Entre histórias, receitas e afetos, o Projeto Tradições de Minas reafirma o valor da queijadinha como patrimônio imaterial e força cultural do povo paracatuense
Nesta quarta-feira (3), a Casa Paracatu se encheu de aromas, vozes e lembranças para celebrar o encerramento do Projeto Tradições de Minas, uma iniciativa nascida do desejo de preservar, valorizar e manter vivo um dos símbolos culturais mais afetivos do município: o modo tradicional de fazer a queijadinha paracatuense.
O evento reuniu o secretário de Cultura, Thiago Venâncio; a diretora de Cultura, Rose Cardoso; a coordenadora da Casa Paracatu e FAOP, Elisângela Caldas; além de parceiros e convidados que fortalecem diariamente as ações de preservação da memória local. A ambientação do espaço, assinada pelo artista Zé do Badauê, transformou a casa em obra viva, cores, símbolos e referências que ecoavam a identidade do povo paracatuense.
Mas o projeto foi além da cozinha. Ele abriu portas para que histórias, memórias e afetos atravessassem o tempo e encontrassem novos guardiões. Na oficina realizada, mais do que uma receita, transmitiu-se um saber ancestral, patrimônio imaterial que pulsa em cada família, bairro e geração que reconhece no doce o sabor da própria identidade.
Durante os dias de vivência, cada participante pôde sentir a força desse legado. Nas mãos que “pinicam” a massa, no cuidado ao misturar ingredientes simples, na hospitalidade mineira que transforma encontros em lembranças, revelava-se a essência de um povo que faz do cotidiano cultura, e da tradição, um gesto de amor.
O Tradições de Minas reafirma que o saber popular é um bem coletivo. A queijadinha, longe de ser apenas um doce, carrega convivência, união entre gerações, resistência cultural e a força de um povo que insiste em permanecer, mesmo diante do tempo que tenta apagar rastros.
Ao ensinar o preparo tradicional, o projeto fortalece o sentimento de pertencimento e acende o orgulho pelas raízes paracatuenses. Também incentiva o empreendedorismo local, abre oportunidades de renda e reforça o turismo gastronômico, mostrando que preservar o passado é, também, construir futuro.
A ideia nasceu do incentivo de familiares, amigos e conhecidos que reconhecem na queijadinha um tesouro cultural. Inspirado na trajetória de Sra. Marlene e Sra. Wilma, Mestres do Saber, o projeto buscou honrar e perpetuar os ensinamentos de mães, tias e avós que transformaram ingredientes simples em afeto, memória e tradição. Essas mulheres não apenas fazem doces: elas contam histórias e moldam vidas com suas mãos.
O encerramento celebra, ainda, todos os participantes que aceitaram o convite e mergulharam no resgate cultural. Que cada gesto aprendido, cada “pinicado”, cada modo de fazer seja levado adiante como propósito, sustento ou lembrança amorosa.
Ao concluir esta jornada, o projeto reafirma:
- Transmitimos o modo tradicional de fazer a queijadinha às novas gerações.
- Preservamos um patrimônio imaterial essencial à identidade de Paracatu.
- Incentivamos o empoderamento social, especialmente de mulheres que encontram no saber fazer uma porta para empreender.
- Fortalecemos o turismo cultural e gastronômico da cidade.
- Mantivemos viva a tradição por meio de nossas Mestres do Saber, honrando o passado e inspirando o futuro.
Porque, no fim, é isso que nos move: mãos que transformam, arte que inspira e vida que se molda — assim como a queijadinha molda nossa história.
Abertura da Exposição de Guirlandas
A noite também marcou a abertura da Exposição de Guirlandas, um convite visual ao espírito natalino. A guirlanda, símbolo que atravessa séculos e culturas, apresenta-se como gesto de boas-vindas, proteção, prosperidade e renovação espiritual. Circular, adornada por folhagens, frutos, fitas e luzes, ela anuncia o afeto colocado nas portas e janelas de cada lar.
A oficina que originou as peças expostas foi idealizada por Elisangela Caldas e Cláudia Márcia. Elisangela, engajada na valorização e preservação da arte, desenvolve trabalhos em modelagem de barro e ministra oficinas que promovem cultura e ancestralidade. Já Cláudia Márcia, artesã experiente, trabalha com palha de milho, fuxico, pintura básica e transforma rejeitos naturais, folhas secas, sementes e cascas, em peças carregadas de significado.
A exposição está belíssima: cada guirlanda traz uma história, uma memória e um toque da essência de quem a criou. Uma celebração sensível do artesanato local e da força criativa que move Paracatu.
























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