Tour Agroligadas passa pela Embrapa Cerrados

 Tour Agroligadas passa pela Embrapa Cerrados

Foto: Breno Lobato

Integrantes do movimento conheceram pesquisas e tecnologias da Unidade

Um grupo de 60 integrantes do movimento Agroligadas, formado por mulheres profissionais do agronegócio, esteve na Embrapa Cerrados na manhã de 10 de novembro para conhecer as pesquisas e tecnologias desenvolvidas pela Unidade em 50 anos de história.

Além de produtoras rurais, fazem parte do movimento mulheres que trabalham em empresas com atuação no agro, jornalistas, psicólogas e outras profissionais de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio Grande do Sul e Roraima. “Somos mulheres que falam sobre o agro para quem não o conhece. Nosso principal objetivo é conectar o campo e a cidade por meio da educação e da comunicação. Queremos aprender mais sobre o agronegócio, porque não é só aquele que vivemos. Precisamos conhecer o agro do Brasil todo, e o Tour Agroligadas é exatamente para isso”, explicou Geni Schenkel, presidente e fundadora do Agroligadas.

A visita integrou a terceira edição do Tour Agroligadas – as demais foram realizadas em propriedades com agricultura e pecuária do Pantanal e na região de Espírito Santo do Pinhal (SP), onde as integrantes conheceram a produção e a industrialização de uva e de café. “Escolhemos Brasília porque a cidade tem uma conexão política e precisamos entender que ela é necessária. A mulher precisa saber lidar com isso e participar cada vez mais da política. Além disso, sabemos que a Capital tem muito mais, assim como a Embrapa Cerrados. Precisávamos conhecer as pesquisas e tecnologias”, disse Schenkel.

As visitantes receberam as boas-vindas do chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia, Fábio Faleiro, que fez a apresentação institucional, abordando algumas das principais soluções tecnológicas desenvolvidas pelo centro de pesquisas que contribuíram para o desenvolvimento do Cerrado, além de citar algumas mulheres pioneiras na adoção de tecnologias na região.

A pesquisadora Ieda Mendes palestrou sobre saúde do solo e a tecnologia Bioanálise do Solo (BioAS). Ela lembrou que o solo guarda a memória do manejo, e que solos saudáveis armazenam mais água, têm baixas populações de nematoides, são mais eficientes no uso de nutrientes, têm maior potencial de fitorremediação, possibilitam a produção de grãos com melhor qualidade nutricional e apresentam maiores estoques de carbono.

Por meio da avaliação da atividade de duas enzimas presentes na matéria orgânica do solo (arilsulfatase e beta-glicosidase), a BioAS complementa as análises químicas de solo tradicionais ao detectar o estado de saúde do solo (saudável, adoecendo, doente ou em recuperação), indicando, além da capacidade de suprir nutrientes, a condição de ciclá-los e armazená-los. Os mapas de saúde do solo, gerados a partir de mais de 65 mil amostras de municípios de todo o País, compõem a Plataforma Saúde do Solo BR: Big Data para Solos Resilientes e Sistemas Agroalimentares, que será lançada na próxima segunda-feira (17), durante a COP 30, em Belém.

Numa Área de Reserva Legal (ARL) recuperada nos campos experimentais da Unidade, a pesquisadora Fabiana Aquino falou sobre a diversidade de formações vegetais do Cerrado e alternativas de espécies nativas que podem ser exploradas economicamente como o baruzeiro, o pequizeiro e a mangabeira, além de outras espécies frutíferas (cagaita) e madeireiras (amburana, angilo, gonçalo-alves, vinhático, entre outras) que podem ser utilizadas em projetos de revegetação das Áreas de Proteção Permanente e  ARLs de propriedades rurais no bioma, conforme o interesse do produtor.

Aquino também citou políticas públicas de sucesso que aliam conservação ambiental e produção agrícola, como o projeto Produtor de Água no Pipiripau, que remunera produtores pela prestação de serviços ambientais advindos da adoção de práticas de manejo conservacionista em propriedades na bacia do Rio Pipiripau, no DF.

Os benefícios dos sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) foram apresentados pela pesquisadora Karina Pulrolnik e pelo pesquisador Lourival Vilela. A ILPF segue os princípios de mínimo distúrbio mecânico do solo, manutenção de cobertura orgânica permanente e diversificação de espécies, promovendo adequação ambiental, valorização das pessoas e a redução de riscos econômicos.

Pulrolnik explicou a dinâmica dos sistemas integrados; a importância do capim braquiária como planta de cobertura e fornecedor de matéria orgânica no solo; as formas de uso e os benefícios das árvores para os animais (conforto térmico e maior reprodutividade e produção de leite em zebuínos leiteiros); além de destacar o melhor balanço de carbono de áreas com ILPF em comparação com pastagens contínuas e lavouras solteiras. A pesquisadora também comentou sobre experimentos com árvores nativas (como pequizeiro, baruzeiro, macaúba e angico vermelho) e exóticas (eucalipto e oliveira) com diferentes espaçamentos e a importância da escolha da espécie arbórea em função do mercado da região.

As Agroligadas concluíram a visita na vitrine de tecnologias da Embrapa Cerrados, onde conheceram de perto algumas soluções tecnológicas geradas em cinco décadas pelo centro de pesquisa e parceiros.

O tour teve duração de três dias. Além da Unidade, o Agroligadas visitou Congresso Nacional, onde se reuniu com a Comissão Parlamentar de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR); o Instituto Pensar Agro; a Fazenda Pamplona; a Vila Triacca; a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e ainda teve um encontro com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.

Breno Lobato (MTb 9417/MG)
Embrapa Cerrados

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