SEJA FELIZ AGORA

O passar do tempo nas nossas vidas, de forma silenciosa acaba por nos dotar de capacidades e possibilidades não antes imaginadas.   Ao pensar em relação a isso, entendendo em parte, percebemos que a vida, nossa existência em si tem um que de mistério.   Há alguns dias sai caminhando nos arredores do bairro onde moro, tão logo entro numa das praças, eis que vem lá o Digão.   Digão é um daqueles homens desafortunados, avalio, sofreu um AVC há algum tempo, ficou morre não morre, quis Deus abençoá-lo com relativa recuperação, então hoje anda ele arrastando uma das pernas, enquanto toma o sol da manhã nas ruelas da Paracatu do Príncipe.  Digão convergia à esquerda numa curva de noventa graus, contornando parte de uma das floridas praças da parte histórica de Paracatu, parecia satisfeito em se banhar de sol naquela manhã bonita, notei quando descascava e sorvia gomo a gomo uma mexerica, e sem parar continuava sua desengonçada caminhada.   Atravessei toda a praça a passos largos e pude vê-lo esboçar um sorriso, sabia ele que como de costume me aproximava com a finalidade de apertar-lhe a mão e trocar um “dedo de prosa”.   De imediato ele disse.   – Tô usando máscara, veja!   Enquanto me falava ele colocou o petrecho de proteção em relação à COVID 19.   Digão pediu ao churrasqueiro que lhe preparasse um espeto, vi que ele escolheu um mais gorduroso.   Enquanto jogávamos conversa fora, demos umas gargalhadas recordando as peladinhas (de futebol) em que juntos participávamos no Clube União, bons tempos!   Três minutos depois o “Dinoite”, esse era o apelido do churrasqueiro, já entregava ao Digão o churrasco depois de rolar a guloseima no tabuleiro de farinha de mandioca.   Acreditem, o homem comia com tanta vontade que parecia estar com fome de uma dezena de dias, pensem, observei o caboclo deixar escorrer pelo canto da boca parte da gordura, honestamente, vi felicidade naquele simples gesto de Digão, mostrava-se feliz apesar dos problemas que enfrenta oriundo da doença.   Então surge uma indagação acerca do que relatei, felicidade tem preço?   Existem padrões pré-estabelecidos para que se seja e/ou se tenha momentos de felicidade?   E outras perguntas:   Como você está hoje, ou eu deveria indagar como você é?   A sua condição de satisfeito ou insatisfeito é permanente ou provisória?   Você é ou se encontra feliz?   Hoje, vi e li sobre a impermanência e acabei por refletir quanto a essa grande verdade que cada vez mais ganha consistência em relação a nossa vida e tudo que nos rodeia, e concluo afirmando que além da certeza de que somos mortais, podemos defender de olhos fechados de que felicidade de forma absoluta não é um estado final a ser atingido, é sim, dividida e fracionada a tal de felicidade, e tudo, graças à famosa impermanência, assim, uma das poucas coisas que não muda é a alternância de estado das coisas.   Dito e defendido isso, não se perca em busca da FELICIDADE DEFINITIVA, mesmo que por pequenos instantes e de forma esparsa saboreie enquanto vive os momentos de PURA FELICIDADE que puder ter, pois os momentos não duram para sempre, nem os ruins, da mesma forma os bons.

Miguilim – Aqui e ali estando feliz – Boa terça-feira!

Miguel Francisco do Sêrro – Historiador e Advogado.

 

 

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O Lábaro

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