Rompendo o ciclo da violência com trabalho e solidariedade

APAC de Paracatu doa pães produzidos por recuperandos a instituições beneficentes
A Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC) de Paracatu tem transformado vidas e impactado positivamente a comunidade por meio de um projeto especial: sua padaria. Muito além da produção de pães, esta é uma nova chance para os recuperandos e um gesto solidário que beneficia diversas instituições sociais da cidade.
A padaria da APAC é um espaço de aprendizado e reabilitação, onde os recuperandos têm a oportunidade de aprender um novo ofício e desenvolver habilidades profissionais. Atualmente, 11 pessoas trabalham diariamente na produção, com possibilidade de rodízio e participação em cursos de formação.
Para os recuperandos, essa experiência vai além do aprendizado técnico. A possibilidade de contribuir positivamente para a sociedade e enxergar o impacto real de seu trabalho é um estímulo para sua recuperação. “Me sinto uma pessoa renovada. Me sinto uma pessoa diferente do que eu era antes”, declara o recuperando K.J.B.S, que participa do projeto. Essa sensação de pertencimento fortalece a autoestima e cria um ciclo que reduz a reincidência criminal.
A iniciativa também é um exemplo de como a reinserção social pode trazer resultados concretos para a sociedade. Diariamente, a APAC doa pães para instituições como o Asilo São Vicente de Paulo, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), o Lar dos Pequeninos e a Associação Mãos que Acolhem, além de contribuir com eventos comunitários e religiosos.
“As doações contribuem para a oferta de refeições balanceadas, auxiliando na nutrição e no bem-estar das pessoas com deficiência que frequentam a APAE. Outro aspecto relevante é que reforçam a parceria entre instituições, criando um vínculo de solidariedade e cooperação”, explica Magda Maria da Fonseca Alves, assistente social da APAE.
A padaria da APAC Paracatu é um exemplo de como investir na ressocialização de pessoas privadas de liberdade pode beneficiar toda a sociedade. A recuperação de quem cumpre pena passa pela oferta de oportunidades reais de transformação. Por isso, projetos como esse mostram que a segurança e o desenvolvimento social devem caminhar juntos.
A presidente da APAC de Paracatu, Jeane Cristina dos Reis, reflete sobre como uma sociedade mais justa e segura se constrói com oportunidades e não apenas com punição, e destaca que “a iniciativa cria nos recuperandos o senso de responsabilidade e compromisso com o trabalho”.
O papel social das APACs
Ao todo existem 68 Centros de Reintegração Social espalhados pelo Brasil. O método APAC, reconhecido internacionalmente, tem como base a valorização humana e a recuperação dos condenados, tendo o trabalho como um de seus pilares, pois permite que os recuperandos desenvolvam habilidades, resgatem sua dignidade e tenham a oportunidade de reintegração social.
De acordo com Tatiana Faria, diretora-geral da Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (FBAC), entidade que fiscaliza e apoia as APACs, a metodologia tem se mostrado eficaz na redução da reincidência criminal e no custo do sistema prisional. “A APAC prova que é possível recuperar e reinserir pessoas na sociedade sem abrir mão da segurança. Quando oferecemos oportunidades reais, transformamos vidas e impactamos positivamente toda a comunidade”, declara.
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