O vazio

A lógica do raciocínio humano normal nos direciona a, obrigatoriamente, formar para nós e/ou para aqueles que acreditam nas nossas convicções, ideias que acabam por se estabelecerem como verdades, explico.   No meu caso específico, entendo que para muitos de nós, a simples crença de que existem pontos de ausência nas nossas vidas, nos direciona inquestionavelmente a uma certeza, somos efetivamente, capazes de pensar.   Para mim, é fato.   Seguindo um pouco mais, por diversas razões e motivos como pessoas de carne e osso em certos momentos da nossa vida, ficamos parados olhando para lugar nenhum e com uma enorme sensação de impotência diante dos problemas, e mais, sentimos um VAZIO emocional tão triste que parece uma dor física.   E pior, estáticos não vislumbramos uma solução certeira que possa preencher o bendito VAZIO.   Essa inexplicável sensação de que falta alguma coisa, e que, por mais que tentemos não sabemos indicar de que se trata, definitivamente, não é de algo palpável mas fere e vai minando a pessoa de forma brutal.   A modernidade ampliou por demais o horizonte de possibilidades boas para nós humanos, mas é sabido que não tem nada bom sem defeito, junto às bonitas flores vieram os espinhos, a cura de umas doenças, o surgimento de outras, grande oferta de benefícios para as pessoas, e a esses atreladas mais e diferentes responsabilidades.   E o homem em meio a tudo isso passou a se sentir em alguns casos grande, maior que o próprio tamanho, e, acreditando nessa ideia abre demais as pernas nadando no mar de coisas boas, quando depara com o ônus que vem pendurado nas vantagens, a pessoa olha para si e descobre o quanto é pequena, se sente incapaz de suportar as responsabilidades assumidas, tarde demais.   Afinal o que é esse vácuo maligno que maltrata mente e corpo humano?   Como evitar essa ausência cortante que sem ser vista, furtivamente, machuca com uma dor doida, como se nos cortasse por dentro?   Não temos uma resposta direta que defina o VAZIO, o que se sabe é que ele atinge e afeta a todos nós, nuns de forma mais amena, noutros sem dó ou piedade.   Já como combater o mal que ele causa, aponto como alternativa que você olhe ao seu redor, tente se ocupar ao menos um pouco com a dor dos outros.   Uma velha conhecida minha, que Deus a tenha, certa vez disse “nunca fiquei desocupada, estresse e depressão não sei nem o que é isso”, era ela uma mulher muito ativa e trabalhadeira, de fato.   Em outras palavras, se bem observarmos, VAZIOS e AUSÊNCIAS em algumas pessoas fazem parte da regra, coisa que para nós é exceção.   Assim, certamente nos sentiremos menos doentes e vazios se dedicarmos algum tempo da nossa vida VAZIA, agindo para diminuir o sofrimento de quem, ao contrário de nós, já está dentro do poço buscando auxilio para sair, daí, as dores físicas e de origem emocional que pudermos aliviar nos nossos semelhantes em situação pior que a nossa, haverão de funcionar em nós como um bom e milagroso remédio, tornando nossa vida mais útil e absolutamente, menos VAZIA.

Miguel Francisco do Sêrro – Advogado e Historiador

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