No batido do verso: juventude e poesia urbana ocupam a cena em Paracatu

Sábado de hip hop, sarau e rima movimenta a Fundação Casa de Cultura com arte, voz e resistência
A noite de sábado, 28 de junho, foi de movimento, expressão e pertencimento. No anfiteatro da Fundação Casa de Cultura, o ritmo quente dos tambores invisíveis do hip hop tomou conta do espaço e do tempo. A quarta edição do Festival de Hip Hop, Sarau e Rima reuniu juventude, arte e atitude em uma celebração vibrante da cultura de rua.
Sobre grandes telas, o grafite ganhava forma ao vivo, traço por traço, cor por cor, como se cada pintura dissesse, em silêncio, aquilo que palavras não alcançam. No chão, o break desenhava coreografias que desafiavam a gravidade. No ar, palavras dançavam em batalhas de rima e no campeonato de poesia falada, vozes que cortam o silêncio com força e beleza, vindas de todos os cantos de Minas e de outros estados.
Nascido nos subúrbios de Nova York nos anos 1970, o hip hop surgiu como resistência cultural e meio de expressão de jovens negros e latinos em um contexto de desigualdade e invisibilidade. Ao longo do tempo, atravessou fronteiras, ganhou o mundo e fincou raízes no Brasil, especialmente nas periferias urbanas. É uma cultura que une música, dança, palavra e imagem. Uma arte coletiva que transforma dor em discurso, gesto em presença e rua em palco.
A roda de conversa trouxe reflexão, escuta e troca. O show com MCs encerrou a noite com energia pulsante, fortalecendo os laços entre gerações e territórios. Mais que um festival, o encontro foi um manifesto vivo: de que a juventude tem voz, tem arte, e sabe muito bem onde pisa, e por que canta.
Em um único cantinho da cidade, Paracatu virou palco para um Brasil que resiste e se reinventa. Entre beats, versos e passos, o que se viu foi mais que um evento: foi um grito coletivo, bonito de ver e necessário de ouvir.
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