Lançamento da 4ª edição da Revista, “Entre Letras” – 2022

 Lançamento da 4ª edição da Revista, “Entre Letras” – 2022

No último dia 22, a Academia de Letras do Noroeste de Minas lançou seu 4ª edição da Revista EntreLetras. O trabalho é resultado de uma coletânea de textos enviados via edital, os quais compreendem diversas tipologias textuais. Neste exemplar no Caderno Literário têm-se poemas e crônicas e no Caderno Acadêmico artigos resultantes de pesquisas. A novidade para 2022 foi à tiragem de 100 exemplares impressos, apoiado pela Secretaria de Cultura da cidade de Paracatu. Na ocasião do evento, autores que colaboraram com a produção apresentaram brevemente seus trabalhos. Ao final, os acadêmicos e convidados presentes celebraram o Natal e mais um ano de atividades. Em 2022, a Academia de Letras do Noroeste esteve presente em muitas atividades de natureza cultural, instituindo o Clube de Leitura, promovendo Oficinas de escrita criativa e destinadas à Redação Enem, como o projeto ENEM TE CONTO, além de parcerias com outras instituições da cidade que fomentam a produção escrita de todas as naturezas. A presidente da organização Daniela Prado, reforçou em seu discurso que o trabalho voluntário de todos os confrades e confreiras para 2023 centram-se em buscar cada vez mais um diálogo intergeracional, pelo qual os novos e antigos saberes e experiências possam promover a criticidade,  fruição e reflexão.

segue o link para acessar a revista: https://www.academia.edu/93481893/ENTRELETRAS

 

O evento contou com a presença da Presidente da Academia de Letras do Noroeste de Minas, Dra Daniela de Faria Prado – A representante da Editora chefe da nossa revista, Prof. Dra, Helen Ulhoa Pimentel, no omento foi esclarecido a ausência da editora, Prof. Dra. Maria Celia Gonçalves, não pôde estar presente na noite. – A prof. Maria do Socorro (Help), Primeira Secretária da Academia, o Secretário de Cultura, Sr. Igor Diniz   e o Presidente da Fundação Casa de Cultura Igor Faria.

 

Artigo da confrade Maria Teresa Oliveira Melo Cambronio publicado na Revista Entre Letras 2022.

  Um olhar na Guerra

Há épocas que deixam marcas na vida de uma pessoa, principalmente tratando-se de conflitos. 1982 faz-me rememorar alguns acontecimentos, que até hoje devem permear as mentes de quem os presenciaram. No Brasil em 8 de junho uma aeronave que partiu de SP para Fortaleza colidiu-se contra uma serra, matando 128 pessoas e ninguém viveu para contar a história. Nesse ano nasceu a banda Legião Urbana, Titãs e Capital Inicial; para alegria do público de jovens e adultos, dentre outros. Em meio às tragédias esse último foi refrescante. Entre outros fatos ocorridos, a Argentina e as Ilhas Malvinas entraram em combate.

Nesse ano eu cursava o primeiro científico no Colégio Estadual Antônio Carlos, época em que quase todas as novidades que ocorriam no mundo, eram transmitidas a nós, pelos nossos professores em sala de aula. O Rádio e a TV, pelo menos lá em casa eram limitados, meu pai jantava na frente da televisão e logo após assistir o que desejava, levantava desligava o aparelho e já ia preparar para dormir. Antes de entrar no quarto dava uma última olhada para certificar se já estávamos indo dormir, isso aos sábados e domingos, pois durante a semana eu trabalhava de dia e estudava à noite e não ficava sabendo o que acontecia em casa durante esse período.

Na sala de aula ficávamos inteirados dos assuntos, até mesmo sobre política, pois naquele tempo estava findando o regime da Ditadura Militar, período que iniciou um ano após eu nascer (1964) o regime era um marco da carência de liberdade; existia sim, a tortura contra os que ousavam opor ao regime. Na idade que estávamos, parecia que já podíamos sentir o cheiro da tão sonhada liberdade. Informaram-nos que a Ditadura Militar começou com um golpe civil-militar e que o presidente era João Goulart. Ouvíamos tudo com cara de pavor até parecia que sentíamos odor da terra úmida, que cobria os corpos das pessoas que estavam desaparecidas. Tudo aquilo era fúnebre e muito pesado para as nossas cabeças. Havia passado poucos anos que nem podíamos pingar o pé para fora de casa à noite para divertirmos, pois tínhamos medo da DOPS nos grampear. Era muita censura, era muita tortura também. Preocupávamos com a repressão e ainda sofríamos ao saber que nossos ídolos pops poderiam ser presos ou exilados.

Nossos mestres mais corajosos, falavam que o objetivo daquele regime autoritário era derrubar o trabalhismo; defender o desenvolvimento da economia e a promoção do bem estar; isso tudo a bem do autoritarismo. Dava para entendermos muito bem o que eles queriam para os trabalhadores. Se dependesse desse bem estar, hoje não precisávamos lutar tanto por nossos direitos. O bom era que aproveitávamos cada minuto das aulas. Nossa professora de história explanava sobre o conflito armado que se instaurava entre a Argentina e Reino Unido, pela posse das ilhas das Malvinas.

Porém nas aulas de biologia ouvíamos a professora apontar os prejuízos trazidos pela guerra, para seres vivos animais e vegetais, além da destruição do patrimônio desses lugares. Nessa época chamou-me a atenção para o professor de língua portuguesa, literatura e redação, Lavoisier Albernaz, ficou muitas aulas preparando-nos para fazer uma redação com o tema: “Se Queres a Paz, Prepara-te Para a Guerra”. Não foi muito difícil escrever sobre aquele título, pois, além do preparo do professor “Ziê”, esse era assunto em quase todas as disciplinas. No meio de tanta repressão, nem cogitava na tal “Escola Sem Partido” na época mesmo tendo censura, as pessoas ousavam, ainda que com medo de repressão. “Si vis pacem para bellum”, ainda ouço o ecoar desse provérbio na sala de aula. Essa frase tão famosa do autor Flávio Vegécio, que significa ‘traga a paz mesmo que pela força”.

No entanto mesmo com pouca idade, tínhamos espírito cívico, não escondíamos por detrás de clichês como: “Não gosto de política”, “Para mim, política não fede e nem cheira”, “Não preciso de política para viver” “Político nunca me deu nada” e por ai a fora. Sempre houve necessidade de fazer política. A passividade de alguns poderia levar-nos a voltar para uma educação conservadora, punitiva que era articulada o tempo todo por partidos, cujos atos eram repudiados pelo pessoal dos Direitos Humanos.

Voltando à lembrança do tema de redação dada pelo professor Lavoisier “Se Queres a Paz, Prepara-te Para a Guerra”, volto também meu olhar, para a guerra que iniciou no dia 24 de fevereiro de 2022 entre Rússia e Ucrânia, 42 anos depois da guerra das Malvinas. Com tanta tecnologia de comunicação, recursos científicos para estudo e combate à doenças e construção de armas químicas com a utilização da física quântica e nanotecnologia, sinto-me um barquinho perdido num gigantesco oceano; querendo a paz e vendo tantas cabeças que dizem serem grandes, inteligentes e poderosas fazerem guerra… penso que de 1982 para cá não houve evolução nas mentes dos que governam. O ódio, a escravidão e a ganância por territórios, ainda são subsídios para usarem a força e obterem êxitos, com as guerras. Quantas pessoas inocentes morrem e sofrem com o poder dessa força bélica. As mulheres, crianças, anciãos, dentre outros estão a mercê desse fogo cruzado que é iniciado na maioria das vezes por um número pequeno de líderes.

Além das guerras armadas existem as guerras internas, aquelas que mexem com o psicológico de muita gente, cujas armas são, a discriminação, baixos salários, escravização com mão de obra barata, violência doméstica, preconceitos de todos os tipos, etc. Essa mesma frase “Se Queres a Paz Prepara-te Para a Guerra”, sai da boca de muitos políticos que, infelizmente não sabem o que é respeitar os eleitores que neles confiaram. Deveriam voltar e olhar para a guerra… Como combatê-la, se não promoverem a paz?

Autoria: Maria Teresa Oliveira Melo Cambronio

Biografia de Maria Teresa Oliveira Melo Cambronio

Maria Teresa Oliveira Melo Cambronio, filha de Geraldo O Melo e Maria José B. de Melo, nasceu em Paracatu-MG, em 11 de agosto, de 1963, casada com Luciano C. Cambronio, mãe de Camilla Carolina e vó de Maria Cecília

Licenciada em Química, Arte Teatro. Pós graduada em Psicopedagogia Reeducativa, Direito Educacional e Docência Do Ensino Superior.

Blog http://mariateresacambronio.blogspot.com/. Livros: “Meus Momentos” Ed. Paracatu em 2007 e “Sementes de Amor “Ed. Buriti em 2016. Art. “O Teatro na Turma de Tempo Integral na Escola X”. Teve coparticipação nas antologias e revista: “Espelho de Papel I e II”; parte organizadora; E. E. Julia Camargos, “Antologia da literatura Paracatuense”, “Antologia da Literatura Paracatuense Outra Viagem”; Idealizadas por Igor Santos. “Memoria Cultural Uma Antologia Paracatuense” de Oliveira Mello. Participou nas edições 2019, 2020 e 2021 da Revista “Entre Letras”, da Academia de letras do Noroeste de Minas. Textos: “Agonia do Sertão de Guimarães,” “Eternamente Afonso Arinos dos Buritis Perdidos”, “Carmem Brochado” e “Centenário de Carmem Brochado”. “Covid-19 & Eu Sem Inspiração”. Em 2016 tornou-se membro efetivo na Academia de Letras do Noroeste de Minas, em Paracatu, ocupando a 39º cadeira, cujo patrono é Antônio Teodoro da Silva Neiva.

 

 

 

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