Jovem encontra no empreendedorismo social motivação para transformar comunidade quilombola
Romário Moreira deixou carreira em instituição bancária para se dedicar ao turismo comunitário no Quilombo São Domingos, em Paracatu
Nascido e criado no Quilombo São Domingos, em Paracatu, Romário Moreira da Silva, de 31 anos, reconhece em suas raízes o caminho para construir um futuro melhor para sua comunidade. Formado em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, ele trocou sua carreira em um grande banco para atuar como agente cultural, anfitrião e guia do primeiro projeto de afroturismo desenvolvido pelo Sebrae Minas no estado.
A oportunidade de se dedicar exclusivamente à sua gente surgiu em 2023, quando foi iniciada a estruturação do projeto de turismo de base comunitária. Após 12 anos trabalhando como desenvolvedor de softwares, ele viu na iniciativa a possibilidade de investir seu tempo e energia no empreendimento social. “A tecnologia me encanta, mas as pessoas sempre foram minha prioridade. Trabalhar pelo desenvolvimento da comunidade é uma missão, é algo que considero minha vocação”, declara.
Envolvido integralmente no projeto, Romário é membro fundador, integrante da equipe de governança, anfitrião do atrativo ‘Trilha do Morro do Pineco’, guia turístico e responsável pelas redes sociais do @quilombosaodomingos. E quando perguntado se ele se vê como um empreendedor social, não deixa dúvidas. “Empreender é mover pessoas, criar oportunidades, fortalecer raízes e construir caminhos coletivos. Sou um empreendedor social no sentido mais profundo da palavra, alguém que usa conhecimento, trabalho e inovação para transformar a realidade da comunidade”, frisa.
Conhecimento como ferramenta de autoestima e pertença
A dedicação às origens também levou o empreendedor social a compartilhar seu conhecimento profissional com as novas gerações. Desde o ano passado, por meio da Associação do São Domingos, em parceria com a mineradora Kinross, Romário ministra aulas de informática para crianças e jovens, de 6 a 17 anos, no Centro Comunitário. “Trabalhamos conteúdos práticos sobre planilhas, apresentações, Word, digitação e internet, mas sempre conectados à nossa história, cultura e identidade quilombola. Cada atividade é pensada para fortalecer a autoestima, o pertencimento e a perspectiva de futuro”, destaca.
Diante deste cenário, ele acredita que as novas possibilidades de renda que chegam à comunidade, a partir do trabalho social e do afroturismo, podem contribuir para que os jovens permaneçam no território. Distante a apenas quatro quilômetros do Centro de Paracatu, o Quilombo é visto como símbolo de resistência, de preservação da cultura negra, e também uma alternativa viável para o crescimento pessoal e coletivo. “A comunidade sempre foi minha base, como uma grande família. Aqui, aprendi na prática o significado de cuidar do outro moldando, assim, o meu desejo de contribuir para um futuro melhor para todos”, explica.
Experiências Turísticas
No último dia 23 de outubro, o Quilombo São Domingos, em conjunto com o Sebrae Minas e a Prefeitura, lançou o Catálogo de Experiências Turísticas. O turismo de base comunitária está estruturado em 11 vivências imersivas para os visitantes, unindo a história das famílias quilombolas com a rica gastronomia e cultura local.
O catálogo apresenta o roteiro com todos os atrativos que incluem passeio pelos quintais e casas dos moradores, contação de histórias, produção de açafrão e rapadura, além de um cafezinho com pão de queijo e bolo ancestral produzido por quem visita o local.
Romário é responsável pela Trilha no Morro do Pineco, um trajeto ancestral, percorrido por gerações, que transmite conhecimentos sobre a história do Quilombo São Domingos. Uma trilha de memórias que mostra desde como era feita a extração do ouro à garantia da sobrevivência dos moradores locais da época. A trilha apresenta também, por meio de seus recursos naturais, conhecimento sobre a flora e a fauna do cerrado de Minas Gerais.
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Assessoria de Imprensa Sebrae Minas – Regional Noroeste e Alto Paranaíba



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