ENCANTO

Todos nós variando de causa e motivações sentimos os efeitos bons advindos dos encantamentos, a maioria das pessoas é meio que surpreendidas, e num estalar de dedos, mergulham de corpo e alma como se embriagadas estivessem.   Parece que uma abelha “do bem” realiza uma pequena picada no indivíduo, e ele, sem se dar conta sai de um estado de normalidade para o bendito encantamento.   Tomado por certo êxtase o ser humano se transforma num “poço de felicidade”, nada lhe causa sofrimento, tudo é lindo, não existe imperfeição nas proximidades da pessoa encantada.   Os olhos não desgrudam dos pontos que trazem satisfação à pessoa, tal qual o Rei Midas, em tudo que toca, num passe de mágica vira ouro.   Diz-se do encantado (a) que a pessoa fica cega, tipo, só vê o que lhe é conveniente e prazeroso, o resto, ora o resto não interessa.   O ser humano sob a hipnose do encanto fica como se estivesse no mundo da lua.   Então estar ou viver um tempo guiado por certo encantamento é bom?   Bom não, é bótimo!   Mas porque não vivermos sempre tipo, encantados?   Ai, nem queria falar disso.   Sou obrigado a chamar meu irmão bumerangue, se esse instrumento vai e volta, nossa vida também apresenta essa característica, como uma moeda a vida tem os dois lados.   Acordada do encantamento a pessoa precisa chamar a mãe razão, e diante dela abrir os olhos para não cair no abismo.   Virar a chave ou sair da emoção para o campo da razão é doloroso.   Nenhuma realidade é ou deve ser encarada como um “conto de fadas”, no fim das contas quem manda mesmo é a tia SENSATEZ.   O indivíduo sensato se encanta “pelas metades” vive uma vidinha no patamar da meia felicidade, diria Che Guevara: “Hay que se encantar, pero no mucho”, em resumo, qualquer pessoa que mergulhar sem medida nos chamados prazeres do encantamento, poderá na mesma proporção a médio ou longo prazo ter que pagar a conta racionalmente calculada com uma parcela de sofrimento.   Assim vejo a vida.

Miguel Francisco do Sêrro – Historiador

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