Câmara Legislativa do DF celebra os 50 anos da Embrapa Cerrados

Sessão solene no plenário reuniu empregados ativos e aposentados, além de familiares
Em sessão solene promovida pela deputada Jaqueline Silva, a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) enalteceu o protagonismo de cinco décadas de história e conquistas da Embrapa Cerrados (DF) no desenvolvimento agropecuário sustentável do Cerrado. Realizada no Plenário Jorge Cauhy na manhã de 24 de julho, a solenidade teve a presença de empregados ativos e aposentados da Unidade, além de familiares dos homenageados e estudantes.
Jaqueline Silva destacou que o centro de pesquisa se tornou símbolo de excelência científica, inovação e compromisso com o desenvolvimento sustentável do DF. “Ao longo dessas cinco décadas, a Unidade vem desempenhando um papel fundamental na transformação agrícola do nosso DF, destacando-se por soluções que revolucionaram o campo no cuidado com o solo, no fortalecimento da pecuária e na produção vegetal. Cada resultado alcançado é fruto de um trabalho coletivo, realizado com serenidade, dedicação e respeito pelo Cerrado e por quem dele vive”, disse, agradecendo a todos os empregados e colaboradores.
A parlamentar declarou orgulho de ser parceira da Embrapa e de poder contribuir com a Embrapa Cerrados, unidade que, para ela, representa não apenas a ciência e a inovação, mas que também tem compromisso com as pessoas, com o meio ambiente e com o DF. “A sociedade precisa, de fato, reconhecer e valorizar o que os senhores e as senhoras fazem”, completou.
O chefe-geral Sebastião Pedro lembrou o papel da Embrapa Cerrados na transformação do cenário agrícola do Brasil com o desenvolvimento de pesquisas e tecnologias e a disseminação de conhecimento, que têm impulsionado melhorias na produtividade, na sustentabilidade e na qualidade de vida dos produtores rurais e da população urbana. “Os avanços na adaptação de culturas ao clima e aos solos do Cerrado, a implantação de técnicas de manejo sustentável e a inovação em produtos e processos que hoje representam uma referência para o País e o mundo”, afirmou.
Sebastião Pedro expressou gratidão aos empregados pelo esforço e dedicação. “Vocês são os verdadeiros protagonistas desta história de sucesso, que se constrói com ciência, trabalho em equipe e amor pelo campo”, disse, também agradecendo aos produtores rurais, às empresas de assistência técnica e extensão rural, às instituições públicas e privadas parceiras e à deputada Jaqueline Silva. “Que os próximos anos continuem a ser de avanços, de inovação e de prosperidade para a nossa agricultura e para toda a sociedade brasileira. E que possamos continuar a trabalhar juntos, com o mesmo entusiasmo e compromisso, para que o Cerrado seja cada vez mais uma matriz produtiva sustentável e fonte de desenvolvimento para o Brasil”, finalizou.
Abrão Antonio Hizim, empregado aposentado da Embrapa e pai da vice-governadora do DF, Celina Leão, esteve presente à sessão solene e deixou uma mensagem, que foi lida pelo cerimonial da CLDF: “Com especial destaque, reverenciamos o trabalho da Embrapa Cerrados, que ao longo das décadas tem sido protagonista na transformação de um dos biomas mais desafiadores do País em um território de produtividade, ciência e equilíbrio ambiental. Nosso reconhecimento vai a cada pesquisador, servidor e colaborador que com dedicação diária transforma conhecimento em desenvolvimento e futuro”.
Agricultura sustentável no Cerrado
O pesquisador Fábio Faleiro, chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia, fez a apresentação “50 anos da Embrapa Cerrados: desenvolvendo tecnologias para a agricultura sustentável no Cerrado”, abordando a criação do centro de pesquisa, em 1º de julho de 1975 em Planaltina (DF); o foco de atuação na preservação e no uso racional dos recursos naturais e no desenvolvimento de sistemas de produção animal e vegetal sustentáveis, buscando a inclusão produtiva; a infraestrutura atual; bem como a importância da ciência, tecnologia e da agricultura para conquista do Bioma Cerrado.
O pesquisador citou tecnologias e inovações desenvolvidas pela Unidade e parceiros que transformaram o Brasil, como a correção da acidez e a construção da fertilidade dos solos do Cerrado; a caracterização, manejo e conservação do solo e da água; a Bioanálise de Solo (BioAS); a tropicalização da soja, do trigo e da fruticultura; a cafeicultura irrigada e culturas alternativas como girassol, quinoa e amaranto; a Fixação Biológica de Nitrogênio com o uso de inoculantes; o Zoneamento Agrícola de Risco Climático; o manejo integrado de insetos-praga, doenças, nematoides e plantas daninhas; tecnologias de mecanização agrícola; a adaptação de bovinos de raças zebuínas de corte (Nelore) e leite (Gir, Guzerá e Sindi); cultivares de gramíneas e leguminosas forrageiras e estratégias para recuperação e renovação de pastagens degradadas; e os sistemas de Integração Lavoura-Pecuária e Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).
Faleiro destacou ainda que a inovação é o objetivo final das ações de pesquisa e desenvolvimento e de transferência de tecnologia da Unidade, conectadas aos objetivos estratégicos finalísticos da Embrapa descritos no último Plano Diretor da Empresa – recursos naturais e mudanças climáticas; segurança alimentar e Saúde Única; produção sustentável e competitividade; bioeconomia e economia circular; inclusão socioprodutiva e digital; tendências de consumo e agregação de valor; e tecnologias emergentes e disruptivas.
Ao falar sobre a busca pelo equilíbrio entre agronegócio, sociedade e recursos naturais, o pesquisador destacou que é possível produzir e preservar ao mesmo tempo. “Essa polarização não contribui, temos que sentar à mesma mesa, buscando as estratégias e tecnologias para que possamos produzir com produtividade e qualidade, mas preservando o meio ambiente e utilizando de forma racional os recursos naturais”, argumentou.
Ele apresentou dados da Embrapa e de órgãos federais sobre a ocupação e o uso das terras no Brasil, mostrando que 66,3% do território nacional corresponde a áreas protegidas e preservadas, metade delas (33,2%) em propriedades rurais. No Cerrado, a área preservada corresponde a 52,6% da extensão do bioma, sendo 28,9% no mundo rural. “Podemos dizer, com muita segurança, que o produtor rural brasileiro, além de fazer a produção agropecuária, é também um ambientalista porque preserva parte do seu imóvel rural”, afirmou.
A sustentabilidade na agropecuária brasileira atual, segundo Faleiro, é alcançada com o uso de práticas sustentáveis para as quais a Embrapa Cerrados tem contribuído, como a ILPF, a recuperação de pastagens degradadas, a economia circular, o Sistema Plantio Direto, rastreabilidade, manejo da água e da irrigação, bioenergia, manejo integrado de pragas, a Fixação Biológica de Nitrogênio e o tratamento de resíduos, entre outras. As tecnologias estão alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas.
O pesquisador ressaltou que a conquista do Cerrado teve como base a ciência, a tecnologia e a inovação, com o apoio fundamental das políticas públicas e das ações de extensão rural e transferência de tecnologia. “Porém, sem a força do produtor rural brasileiro, essa conquista não teria sido possível. Falo do grande, do médio e do pequeno produtor, do assentado de reforma agrária, do agricultor familiar. Podemos dizer que ele é um herói, para quem temos que tirar o chapéu todo dia”, destacou, finalizando a apresentação com o vídeo institucional da Embrapa Cerrados.
Empregados e produtores rurais são homenageados
A CLDF entregou certificados em homenagem a alguns dos empregados que dedicaram e têm dedicado décadas de trabalho à Embrapa Cerrados e têm contribuído para o desenvolvimento da pesquisa agropecuária.
Foram homenageados Edson Lobato, pesquisador que trabalhou na Unidade entre 1975 e 2004, representando os empregados aposentados, além do assistente Nelson Salvador Dias (50 anos de Embrapa), do técnico Gumercindo Silveira Filho (49 anos), dos analistas José Barbosa Rodrigues Neto (49 anos) e Júlia Maria de Sousa Farias (44 anos) e dos pesquisadores José Roberto Rodrigues Peres (50 anos) e Marcelo Fideles Braga (25 anos).
Premiado com o World Food Prize em 2006, Edson Lobato recordou o momento em que iniciou a vida profissional, em 1965, na área experimental do Ministério da Agricultura e Pecuária, onde atualmente funciona a Embrapa Cerrados e os primeiros ensaios no campo. “Maior que qualquer honraria, é a satisfação de ver uma lavoura bem conduzida e saber que parte do nosso trabalho está ali. Para mim, é uma honra ter pertencido a essa história”, disse.
José Barbosa lembrou os momentos difíceis quando foi acometido pela covid-19, superados com o apoio dos familiares e as orações dos colegas e amigos, e agradeceu à deputada Jaqueline Silva pela iniciativa de homenagear a Unidade. “Comecei aos 18 anos como técnico agrícola na área de trigo. Naquela época, eram produzidos 20 sc/ha e hoje são 160 sc/ha. Fico muito emocionado com a Embrapa, é a minha vida”, afirmou.
José Roberto Peres declarou estar simbolizando, com a homenagem, mais de 200 pesquisadores e mais de mil empregados que fizeram parte da história da Unidade. “Temos a honra de sermos os protagonistas do maior feito da pesquisa agropecuária brasileira de todos os tempos, que é gerar tecnologias para a inserção do Cerrado no processo produtivo. Mas temos que reconhecer os nossos parceiros do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária e que tudo isso não teria razão de ser sem o nosso produtor rural”, disse, defendendo que o Brasil deve dizer ao mundo, durante a COP30, em Belém, que produz alimentos de forma sustentável.
“Acompanhei a criação da Embrapa Cerrados desde o início. Quero continuar trabalhando. Devo tudo à Embrapa e à minha família. A Embrapa para mim é uma outra família, que me deu tudo o que tenho. Tudo o que vejo no mercado hoje tem um dedo nosso, do que criamos desde 1975”, relatou Nelson Dias.
“Agradeço a Deus por estar aqui neste momento e à minha família. E agradeço a todos os meus colegas, que me motivam e me impulsionam a ir trabalhar na Embrapa Cerrados todos os dias. É uma emoção muito grande. Parabenizo à Unidade por tudo que nós fizemos e estamos fazendo, e por tudo que faremos nos próximos 50 anos”, disse Júlia Farias.
Marcelo Fideles, que ingressou na Embrapa Cerrados ainda como estagiário, destacou a responsabilidade de assumir o legado de grandes pesquisadores, que fizeram de Brasília, segundo o pesquisador, a grande capital da inovação do agro. “Se os Estados Unidos têm o Vale do Silício, nós temos o Planalto do agro. Brasília foi criada no Cerrado, mas a agricultura tropical moderna foi criada em Brasília pela Embrapa. É uma honra estar aqui representando todos os pesquisadores que trabalham com afinco. Tenho orgulho de ter feito a vida como pesquisador na Embrapa com a ajuda de outros pesquisadores e empregados”, comentou.
Também receberam homenagem, representando os produtores rurais, Luiz Vicente Ghesti, primeiro presidente da Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa-DF) e um dos pioneiros da conquista do Cerrado no DF, e Anair Menegotto, agricultora familiar pioneira de maracujá.
Ghesti, que vive em Brasília desde 1974, comentou que a capital federal foi o polo indutor do desenvolvimento do Centro-Oeste e o mostruário da agricultura que ocupou o Cerrado e que atualmente é o celeiro do País, com um dos maiores índices de produtividade na maior parte das culturas. “Este evento de hoje é oportuno para mostrar à sociedade um lado de Brasília que poucos conhecem, que é o seu ângulo agrícola”, afirmou.
O produtor ressaltou que a agricultura tropical viabilizou a produção de três safras numa mesma área no mesmo ano agrícola. “Não existe maior ato preservacionista no mundo inteiro como essa possibilidade que o Cerrado brasileiro, a inovação e a tecnologia que os senhores trabalharam, que é a agricultura tropical. Esse ‘milagre’ assombra o mundo e por isso somos bastante combatidos”, observou, agradecendo ao reconhecimento aos produtores rurais. “Vencemos e estamos vencendo a copa mundial da produção de alimentos. É uma questão de tempo, admitam ou não: O Brasil será o campeão da agricultura e do agronegócio sustentável do planeta”, declarou.
“Sou produtora de maracujá há 30 anos. Criei meus quatro filhos produzindo maracujá, e produzo até hoje em Planaltina. A família toda trabalha com a gente”, disse Anair Menegotto agradecendo à Embrapa Cerrados.
No final da sessão solene, o pesquisador Renato Amabile prestou homenagem a Jaqueline Silva pela parceria com a Embrapa Cerrados. “Junto com os resultados, também houve muita luta e vocês não desistiram. Quero agradecer pela resiliência, pela paciência, mas, acima de tudo, pela entrega que vocês realizam no DF e que impactam o Brasil. É muito bom poder contar com cada um de vocês”, declarou a deputada.
Assista à gravação da sessão solene clicando aqui.
Breno Lobato (MTb 9417/MG)
Embrapa Cerrados
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