Agricultores familiares do Grande Sertão Veredas lançam castanha de baru orgânica

Fruto do cerrado mineiro, coletado por meio do extrativismo sustentável, conquista certificação IBD

A primeira castanha de baru orgânica com certificação IBD (Instituto Biodinâmico de Desenvolvimento Rural) será lançado no mercado durante a 4ª Feira Internacional Exclusiva para Setor de Alimentos e Bebidas, a ANUFOOD Brazil 2023, que acontece de 11 a 13 de abril, em São Paulo. Coletado por meio do extrativismo sustentável em reservas de cerrado do Grande Sertão Veredas, região Noroeste de Minas Gerais, o baru orgânico é cultivado por agricultores familiares em comprovado processo de manejo sustentável e boas práticas agroecológicas.

Rico em diversas propriedades nutricionais e até mesmo afrodisíacas, o baru é um fruto nativo do cerrado brasileiro e pode ser usado em diversas receitas culinárias, na forma de petisco, ou como farinha para a produção de barras de cereais, bolos, cookies, pesto, creme barutella, entre outros. A castanha de baru e outros produtos oriundos do bioma são beneficiados e comercializados pela Cooperativa Regional de Base na Agricultura Familiar e Extrativismo (Copabase), com sede na cidade de Arinos.

Fundada em 2008, a cooperativa possui, hoje, 70 produtores associados e cerca de 300 famílias envolvidas com a cadeia do baru. Por ano, mais de 12 toneladas de castanhas são beneficiadas pela Copabase. Para a produção do baru orgânico, oito propriedades da região conseguiram se adequar aos requisitos estabelecidos pelo Ministério da Agricultura e passar pela inspeção do IBD. Todo o processo para a certificação do produto durou cerca de dois anos. A aprovação final ocorreu em fevereiro deste ano.

A Copabase é a primeira empresa a conseguir a certificação IBD para o baru. O selo de produto orgânico é imprescindível para facilitar a abertura de mercados internacionais do produto, que já é reconhecido como um superfood brasileiro – que dispõe de uma grande quantidade de nutrientes e poucas calorias, explica a gestora da cooperativa, Dionete Figueiredo.

Ainda de acordo com a gestora, atualmente, o preço médio do baru convencional para o consumidor final é de R$ 100,00 o quilo. Já para o mercado internacional, o produto com o selo orgânico pode sofrer um ágio de até 30% do seu valor. Um diferencial que está incentivando outros agricultores da cooperativa a se adequarem às normas e também tentarem a certificação, afirma.

Grandes clientes

Na mesma semana em que apresenta a castanha de baru orgânica na Feira ANUFOOD, a Copabase irá lançar o baru convencional em supermercados do Grupo Carrefour da cidade de São Paulo. Depois de conquistar espaço nas gôndolas da rede em Brasília, em 2021, por intermédio da Central do Cerrado  cooperativa que reúne diversas organizações comunitárias -, a Copabase expande o fornecimento da iguaria para a maior cidade do país. A primeira remessa do produto atinge quase 1 tonelada. A ação nas lojas do Carrefour será realizada nos dias 14 e 15 de abril.

Todo o trabalho de acesso aos mercados varejistas também conta com o apoio do Sebrae Minas, que ajudou na reestruturação de todo o processo de produção, repaginação da marca e otimização da cadeia produtiva. Nos últimos anos, conseguimos, por meio de consultorias especializadas, auxiliar na remodelagem da política comercial e estratégica da Copabase, ajudando na inserção competitiva e acesso a novos mercados, inclusive o internacional, explica o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Marcelo de Souza e Silva.

Em 2021, a Copabase, também em parceria com a Central do Cerrado, fechou a venda direta de oito toneladas de castanha de baru para os Estados Unidos. Na ocasião, foi firmado um contrato de cinco anos com a empresa Botânica Origens para o fornecimento do produto.

“Uma das principais ações do Sebrae Minas é conectar os produtores da região com consumidores e parceiros comerciais, contribuindo para o fortalecimento da economia local e a promoção e valorização da bioeconomia do Cerrado mineiro, mostrando ao mundo o nosso potencial em termos de produção da castanha de baru”, conta Marcelo de Souza.

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