Sob o céu estrelado, a comunidade de São Domingos celebra a força que permanece

A comunidade quilombola recebe, pela primeira vez, a homenagem que honra resistência e ancestralidade.

Na noite de ontem (13), sob um céu calmo e estrelado, a comunidade quilombola de São Domingos recebeu pela primeira vez a solenidade da 6ª edição do Troféu Aureliano Lopes. Vozes, memórias e presenças se reuniram para celebrar uma homenagem que nasceu com a missão de reconhecer personalidades negras que transformam a igualdade racial em prática diária, mais que uma pauta, um caminho de vida. O COMPIR, a Prefeitura Municipal de Paracatu e a Secretaria Municipal da Mulher, da Igualdade Racial e da Juventude conduziram uma cerimônia em que ancestralidade, futuro e resistência dividiram o mesmo palco.

A mesa de honra foi composta pelo presidente do COMPIR, Darley Ferreira Gomes — Mestre Cacau; pela secretária municipal da Mulher, Igualdade Racial e Juventude, Maria José Magalhães; pela presidente da Comunidade Quilombola do São Domingos, Irene dos Reis; pelo vice-prefeito de Paracatu, Pedro Adjuto; e pelos filhos de Seu Aureliano Lopes, homenageado de honra desta edição.

Figura essencial da história quilombola do município, Seu Aureliano atravessou quase 110 anos como quem atravessa rios e tempos: com dignidade, com fé na comunidade e com um compromisso profundo com suas raízes. Lembrá-lo é recordar uma Paracatu que resiste, que se ergue pelas mãos dos mais velhos e que guarda, na memória coletiva, o brilho sereno de quem transformou presença em legado. Homenageado ainda em vida pelo troféu que leva seu nome, ele partiu em 2023, deixando à cidade a herança firme de sua luta e da sua inteireza.

Criado para valorizar personalidades negras que promovem a cultura afro-brasileira e defendem os direitos da população negra em Paracatu, o Troféu Aureliano Lopes tornou-se, ao longo dos anos, um marco do calendário municipal. Mais do que uma premiação, é símbolo do compromisso com a diversidade, com o combate ao racismo e com a promoção da equidade. É também um chamado para que as novas gerações caminhem fortalecidas pelas histórias que as antecedem.

Nesta edição, receberam o troféu:

• Arnon Silva Oliveira
  • Camila Dala Costa
  • Camilo Leliis
  • Edna Rodrigues Monteiro
  • Guilherme Gonçalves Araújo
  • Henrique Pereira dos Santos
  • José de Assis Gouveia Damasceno
  • Maria Raquel Morais Fernandes
  • Rogério Ferreira Gomes
  • Tatiane Roquete Braga Pires

Cada nome carrega uma trajetória; cada trajetória, um gesto de permanência. Em comum, o compromisso de transformar Paracatu em um território mais justo, mais plural e fiel às suas raízes afrodescendentes.

E assim, sob o mesmo céu que testemunhou a longa vida de Seu Aureliano Lopes, São Domingos reafirmou que honrar o passado é também semear o futuro, e que cada homenageado desta noite é, à sua maneira, uma chama que mantém viva a luta por igualdade, memória e liberdade.