Paracatu homenageia Florival Ferreira no Salão de Fotografias da Casa de Cultura

 Paracatu homenageia Florival Ferreira no Salão de Fotografias da Casa de Cultura

A cidade rende tributo ao jornalista que transformou o cotidiano em literatura e fez da palavra seu gesto de amor a terra

Na noite de ontem 16 de outubro, a sede da Fundação Casa de Cultura de Paracatu foi palco de um momento de emoção e memória. Em cerimônia solene, foi realizada a homenagem póstuma a Florival de Assis Ferreira, que a partir desta data passa a integrar o Salão de Fotografias da Casa, espaço dedicado a personalidades que dignificam o nome de Paracatu nas mais diversas áreas da vida pública e cultural.

Compuseram a mesa o prefeito Igor Santos, o vice-prefeito Pedro Adjuto, o presidente da Câmara Municipal, Manoel Alves, a representante da Casa de Cultura, Janine Souto, o secretário municipal de Cultura, Thiago Venâncio, o secretário de Turismo, Igor Diniz, o presidente do Conselho do Salão de Fotografias, Max Ulhoa, e a presidente da Academia de Letras do Noroeste de Minas, Dra. Daniela Prado. Representando o homenageado, esteve presente a esposa, Ruth Brochado Ferreira, que recebeu, em meio a aplausos comovidos, o reconhecimento da cidade que seu companheiro tanto amou.

Uma vida dedicada à palavra e à cidade

 

Florival de Assis Ferreira nasceu em 4 de abril de 1954, na localidade de Bonança, então pertencente a São João da Ponte (hoje município de Ibiracatu), no Norte de Minas. Filho de José Vicentino Ferreira e Maria do Carmo Ferreira, estudou em sua terra natal até os 11 anos de idade. Seguiu depois para Montes Claros, onde concluiu o antigo curso primário, o ginásio e o segundo grau. Formou-se bacharel em Direito pela Faculdade de Direito de Montes Claros, em 1978.

Antes de se firmar em Paracatu, Florival trabalhou no comércio da família, no jornal O Jornal de Montes Claros e no Programa de Comunidades Rurais (Prodecor), do Ministério da Agricultura. Teve participação discreta na política estudantil, elegendo-se diretor de Arte e Cultura do Diretório Central dos Estudantes Universitários.

Em 1979, mudou-se para Paracatu, onde assumiu o cargo na Caixa Econômica Federal, após aprovação em concurso público. Na nova cidade, reencontrou sua vocação: o jornalismo e a crônica. Atuou em diversos veículos de comunicação: Rádio Juriti AM, Boa Vista FM, WebTV Paracatu, além de jornais e revistas, alguns dos quais ajudou a fundar, como o Mensageiro do Cerrado, Folha do Noroeste, Revista In Foco e Vitrine. Também integrou a equipe da TV Paracatu e do Portal Paracatu.net.

Prefaciou vários livros e dedicava-se ao que chamava de “literatura do dia a dia”, mesclando jornalismo e sensibilidade literária. Cronista e contista, publicou textos em diferentes jornais, rádios e televisões. Foi sócio-fundador da Academia de Letras do Noroeste de Minas, onde deixou sua marca como um dos nomes mais respeitados da imprensa e da cultura local.

Casou-se com Ruth Brochado Ferreira, professora, atriz e contadora de histórias, com quem teve duas filhas: Marília, casada com Fred, e Cecília, casada com Aldo. Era avô de Afonso, Vicentino e de Alice (in memoriam).

Um homem de princípios e de amor por Paracatu

 

Florival Ferreira tinha orgulho da cidade que escolheu para viver. Recusava-se a fazer compras fora de Paracatu, dizendo que “trabalhava aqui, ganhava aqui e, portanto, devia gastar aqui”. Era conhecido pela generosidade, pela honestidade e pelo senso de justiça. Amava Paracatu como se nela tivesse nascido, e dizia à esposa que, caso partisse antes dela, desejava ser sepultado ali, desejo que foi respeitado.

Seu legado também foi reconhecido em vida. Recebeu o Título de Cidadania Honorária em 1998, pela Câmara Municipal de Paracatu, que também lhe concedeu homenagem em 1992 pelos relevantes serviços prestados como jornalista e funcionário da Caixa Econômica Federal. No mesmo ano, foi homenageado pela 88ª Companhia da Polícia Militar pelo apoio prestado à corporação.

Em 1996, o Supremo Conselho Internacional de Brasília, da Ordem Internacional das Ciências, das Artes, das Letras e da Cultura, prestou-lhe homenagem por sua contribuição à cultura. Dois anos antes, foi um dos vencedores do concurso literário da Caixa Econômica Federal, com o conto “O Folclore da Caixa”.

Em 2010, recebeu a Ordem do Mérito Legislativo, no grau Mérito, pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais, pelos serviços relevantes prestados à cidade de Paracatu.

Fundou e colaborou com inúmeros jornais de forma voluntária, criou e manteve programas de rádio como Opinião e Debate, pelo qual recebeu Moção de Regozijo em 2014, e obteve diversos certificados de reconhecimento por sua atuação na imprensa local. Foi ainda comentarista político no portal Paracatu.net, sempre reafirmando o lema que carregava: “Paracatu se encontra aqui.”

Atualmente, tramita na Câmara Municipal o projeto de criação da Medalha Florival Ferreira, destinada a reconhecer personalidades que contribuam com a imprensa e a cultura paracattuense, uma justa homenagem àquele que escreveu a cidade com alma e palavra.

E assim, entre palavras, vozes e memórias, Florival Ferreira continua presente, nas esquinas, nos jornais e nas histórias que Paracatu ainda conta. Sua ausência é apenas aparente, porque quem escreve a alma de uma cidade nunca parte de fato.

 

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