Cemig faz alerta para risco de morte em incêndios causados por instalações elétricas precárias

 Cemig faz alerta para risco de morte em incêndios causados por instalações elétricas precárias

Acidentes provocados por eletricidade matam tanto quanto doenças graves no Brasil

A Cemig alerta para um risco tão letal quanto doenças graves: os acidentes elétricos. Em 2024, 759 pessoas perderam a vida no país, número próximo ao da meningite bacteriana (700 óbitos) e mais que o dobro da leptospirose (346), conforme dados do Ministério da Saúde. A comparação mostra que a eletricidade pode ser tão perigosa quanto moléstias amplamente conhecidas.

Apenas no ano passado, de acordo com estudo da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel), foram registrados 2.373 acidentes relacionados à eletricidade, um crescimento de 11,6% em relação ao ano anterior.

“Mais da metade desses casos acontece dentro de casa”, alerta o engenheiro de Segurança do Trabalho da Cemig, Alexandre Pinto da Silva. “Fios e cabos irregulares, que não suportam a demanda elétrica, podem aquecer e derreter e o isolamento de proteção dos condutores, e muitas vezes provocar incêndios. O risco aumenta em residências antigas, onde raramente se faz a revisão das instalações elétricas. As reformas, em geral, ficam restritas a pisos, azulejos e pintura, enquanto a fiação escondida nas paredes é esquecida”, explica o especialista da Cemig.

A utilização de Ts, benjamins e extensões para a conexão simultânea de vários aparelhos é comum em muitos lares brasileiros. No entanto, essa prática é perigosa, já que pode provocar sobrecarga de energia, causando sobreaquecimento e curtos-circuitos em redes não preparadas para suportar a carga elétrica, causando incêndios e até acidentes fatais.

Alexandre Pinto da Silva alerta que “gambiarras” nas instalações são totalmente desaconselháveis. O ideal, segundo ele, é que aparelhos de maior potência, como ar-condicionado, chuveiro elétrico e micro-ondas, tenham circuito próprio para evitar riscos.

“É importante também que todas as casas tenham um projeto elétrico, o que facilita a manutenção e até a avaliação para o acréscimo de novas cargas. Além disso, qualquer serviço elétrico deve ser realizado por profissionais qualificados, para que não haja esse tipo de problema”, reforça.

Dispositivo DR é aliado da segurança

Outro cuidado fundamental é a instalação do dispositivo DR, que detecta fugas de corrente elétrica em circuitos defeituosos. Quando isso ocorre, o sistema é desligado imediatamente, evitando choques elétricos. “Esse dispositivo é obrigatório desde 1997, conforme a NBR 5410, em locais sujeitos à umidade, como banheiros, garagens, áreas de serviço, cozinhas e varandas”, explica o engenheiro.

Alexandre Pinto da Silva ressalta ainda que, ao adquirir equipamentos de maior consumo, é essencial verificar se a rede da residência suporta a carga. “Se necessário, o cliente deve solicitar à Cemig a alteração da carga contratada. Com esses cuidados, é possível utilizar os equipamentos ao mesmo tempo sem perigo de incêndio”, completa.

Atenção ao uso de aparelhos e carregadores

Outro ponto importante é a proteção de tomadas em casas com crianças pequenas ou animais de estimação. O engenheiro também recomenda cuidado com o carregamento de celulares, que deve ser feito sobre superfícies lisas, ventiladas e longe de tecidos ou materiais combustíveis. Em caso de superaquecimento, esses materiais podem queimar facilmente e espalhar o fogo por toda a residência. Além disso, nunca utilize estes aparelhos enquanto estiverem carregando.

Quando houver necessidade de ligar vários equipamentos em uma mesma tomada, a recomendação é utilizar filtros de linha de qualidade, com dispositivo de proteção interno operante. E, por fim, nunca se deve deixar fios expostos, já que eles aumentam o risco de choques e fagulhas capazes de se transformar em tragédias.

Má qualidade dos fios

No Brasil, a Qualifio tem atuado no combate às empresas que fabricam cabos de baixa qualidade e mais propensos ao superaquecimento. A entidade sem fins lucrativos existe há mais de 30 anos e busca identificar as marcas e os fabricantes que atuam de maneira ilegítima no mercado de fios e cabos elétricos comercializando produtos que, possam colocar em risco a vida de muitas pessoas.

No primeiro semestre de 2025, a Qualifio analisou, em seu laboratório próprio, 667 amostras de fios e cabos elétricos de 62 fabricantes.  Do total de amostras testadas, 500 delas estavam em desacordo com os padrões de qualidade, revelando uma realidade preocupante para o setor e reforçando a urgência da fiscalização e da conscientização sobre segurança elétrica.

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