Abertura do 3º Fliparacatu transforma Paracatu em palco da palavra

Entre fita cortada, vozes potentes e homenagens, a cidade viveu uma noite em que literatura e memória se encontraram na encruzilhada da história
Na noite de ontem (27), Paracatu respirou literatura. O corte simbólico da fita, na fachada da livraria do festival, marcou a abertura oficial do 3º Fliparacatu. Estavam presentes o idealizador e diretor geral do festival, Afonso Borges, os curadores Jeferson Tenório, Sérgio Abranches, Daniela Prado e Leo Cunha, além de autores, artistas convidados e a comunidade que já se reconhece parte dessa celebração.
Logo após o gesto inaugural, o público seguiu para o Teatro Afonso Arinos, onde o palco recebeu Afonso Borges ao lado de Luana Gomes, gerente de comunicação e relacionamento com comunidades da Kinross, patrocinadora do evento, e do prefeito Igor Santos. Sob o tema “Literatura, Encruzilhada e a Desumanização”, abriu-se um espaço de reflexão e esperança.
“Estamos aqui para fazer as pessoas refletirem”, afirmou Borges, ao destacar que a literatura pode ser caminho de mudança. Luana Gomes reforçou a crença no poder da cultura como vetor de desenvolvimento e lembrou que “os livros são cura”. Já o prefeito Igor Santos ressaltou a vocação cultural da cidade e a importância da Lei Rouanet para os eventos locais.
A primeira noite foi atravessada por mesas de debates, homenagens e encontros. Daniela Prado, presidente da Academia de Letras do Noroeste de Minas, lembrou que o Fliparacatu “não é um evento, é um movimento” e convidou o escritor paracatuense Adriles Ulhôa para partilhar sua memória literária. Historiadores e escritores como Alexandre de Oliveira Gama, Kassius Kennedy e Murilo Caldas trouxeram à cena a potência de vozes silenciadas, resgatando fissuras da história local e nacional.
Em seguida, o público saudou com aplausos de pé a escritora Ana Maria Gonçalves, recém-eleita imortal da Academia Brasileira de Letras, homenageada desta edição, que dividiu a mesa “Palavra-Herança” com Bianca Santana e Marcelino Freire. Ali, falou-se de legados, infância leitora e da literatura como ferramenta de imaginar futuros. “A revolução sempre será poética”, resumiu Freire, emocionando a plateia.
O encerramento da noite trouxe música e palavra na sintonia de Fernanda Takai e John Ulhoa, que, ao lado de Borges, costuraram lembranças, canções e literatura. Entre histórias e melodias, a plateia foi conduzida a um momento de encantamento coletivo, embalado por canções que atravessam gerações.
Mais do que abrir oficialmente o festival, a noite de ontem reafirmou o Fliparacatu como espaço de encontro e resistência, onde a palavra é celebração, memória e futuro. Paracatu, até domingo (31), segue sendo território literário, com sua história se escrevendo em cada esquina, praça e palco.
O 3.º Fliparacatu é patrocinado pela Kinross, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, e conta com apoio da Caixa, da Prefeitura de Paracatu, da Academia de Letras do Noroeste de Minas e parceria de mídia do Amado Mundo.
Programação desta quinta-feira (28)
O segundo dia do festival movimenta o Centro Histórico de Paracatu com mesas, oficinas, sessões de autógrafos e encontros para todas as idades:
Programação Nacional e Internacional – Teatro Afonso Arinos e Casa Kinross
- 16h: Políticas de Livro e Leitura, o novo PNLL – Fabiano Piúba, Jéferson Assunção, Andressa Marques e Afonso Borges
- 17h: Corações aos Pulos – Lara Prado, Lavínia Rocha e Amélia do Carmo
- 18h: Ontem foi hoje – Julia Codo, Carolina Rocha, Matheus Leitão
- 18h: Maratona de Leitura Seja Breve – Casa Kinross
- 19h: Lavrados, Pampas e Encruzas – Claudia Alexandre, Morgana Kretzmann, Trudruá Dorrico
- 20h: Acessos Alargados – Andressa Marques, Jeferson Tenório, Sérgio Abranches
- 21h: Corpo-Território – Amara Moira, Calila das Mercês, Eliane Marques
Programação Regional – Academia de Letras do Noroeste de Minas
- 9h30: A relação entre a memória pessoal e a construção da história na escrita
- 10h: Presente da Palavra
- 11h: Mulheres além do seu tempo
- 15h: O papel das mulheres na preservação da cultura
- 15h30: A escuta do território das comunidades quilombolas
- 16h: O niilismo moderno frente aos fatos incontroversos da sociedade
- 17h: Inteligência Artificial em Realidades Múltiplas
Programação Infantojuvenil – Teatro Afonso Arinos e Estações Literárias
Oficinas, contações de histórias e encontros literários com autores como Lavínia Rocha, Tino Freitas, Claudia Soares, Alessandra Roscoe e Leo Cunha.
Sessões de Autógrafos
Das 16h às 22h, dezenas de escritores recebem o público em diferentes horários no Centro Histórico.
Comentários