Silvano Avelar: um guardião da memória e da música de Paracatu

 Silvano Avelar: um guardião da memória e da música de Paracatu

Silvano Avelar é mais que um nome conhecido nas ruas históricas de Paracatu, é uma presença constante no pulsar cultural da cidade. Professor aposentado e advogado, carrega nas mãos e na voz a habilidade rara de transformar histórias em canções, memórias em letras, afetos em melodias. Escritor, compositor, músico, cantor, seresteiro, carnavalesco e produtor cultural, ele percorre, com o mesmo fôlego, as veredas da arte e da vida pública.

Graduado em Letras e Direito, é acadêmico da Academia de Letras do Noroeste de Minas. Autor do livro Praia do Macaco, lançado em 2023 durante a II FliParacatu, e do recém-publicado Incontroversos, obra fruto do prêmio da Lei Aldir Blanc municipal, Silvano escreve com o olhar de quem conhece a alma de sua terra e os tons que a compõem.

Reconhecido como Mestre da Cultura pela Lei Paulo Gustavo, laureado na etapa estadual do projeto Raízes de Minas, contemplado pela Aldir Blanc e pelo Projeto Moradores, plataforma Semente do Ministério Público, sua trajetória é marcada por conquistas que ultrapassam prêmios: são pontes erguidas entre passado e futuro, tradição e reinvenção.

Como vereador, foi autor de leis que fortaleceram o cenário artístico local, entre elas a que instituiu a Bolsa de Produção Literária. Mas é na serenata sob a lua ou no canto que ecoa pelas esquinas do centro histórico que Silvano Avelar mostra, com mais clareza, a sua essência, a de quem vive para celebrar a cultura, guardar memórias e fazer da palavra e da música uma herança viva para Paracatu.

Sivano Avelar estará lançando o livro “ Incontroversos” na III Fliparacatu 20251

Abaixo o prefácio de autoria do publicitário e escritor Flávio Guimarães

 

PREFÁCIO

Músico, professor de Literatura, Língua Portuguesa e Redação, romancista, contista, político e advogado. Esse Silvano a gente já conhece e admira há tempos! Agora, nos é apresentado o Silvano Poeta. E, como dizemos cá pelas Minas Gerais: – Chega, chegando, a bordo do seu “ Incontroversos”. A obra, como se verá, não apenas acalanta e encanta, mas, sobretudo, incomoda.

A poeta goiana, Cora Coralina, escrevera que era necessário que alguém registrasse tudo o que se passa em seu tempo antes que o tempo passe tudo a raso.  “Incontroversos” traz um autor antenado ao seu tempo. Um tempo cru, linear sentimentalmente, mecânico, dissonante e retrógrado. Nada disso escapa ao olhar atento do poeta que registra a normalização das injustiças, preconceitos e inversão dos valores no mundo que se pretende moderno.

É uma poesia social e modernista, seria correto afirmar apressadamente! Mas não nos esqueçamos que o poeta baiano Castro Alves também fizera poesia puramente social em pleno romantismo. “Incontroversos” é um livro romântico!  Silvano é um romântico quando reclama e denuncia o niilismo dos dias em que vivemos, o niilismo de um mundo quedado perante o domínio do virtual sobre o real, a perdição do homem deslumbrado pela IA corruptora de ânimos e usurpadora da humanidade, a justiça injusta, o drama ambiental.

O romantismo, bem sabe o poeta e professor de Literatura, Silvano Avelar, não se faz com flores, mas com contestação e rebeldia. Os românticos reclamavam o respeito pela natureza, denunciavam preconceitos, as injustiças e a mecanização das relações humanas. Ora! Não é isso que faz Silvano em “Incontroversos”? A morte do romantismo, isso é claro e não escapa nos versos de “Incontroversos”. Um mundo sem romantismo é um mundo doente. E é esse mundo doente que Silvano nos joga na cara em diversos poemas deste livro. A falta da verve romântica talvez seja, agora, o mal do nosso século!

Deve-se, porém, cuidar para não reduzir a obra, que também bebe na fonte do concretismo.  “Incontroversos”, o poema que titula a obra, tem muito do concretismo dos irmãos Campos. Pensa-se ser apenas malabarismos de palavras. O leitor atento, no entanto, perceberá a construção estética e o lirismo no entrelace de imagens e a formulação de conceitos, a rejeição do verso tradicional, a valorização da sonoridade e o efeito visual das palavras.

Por fim, resta-me desejar boa viagem a quem tiver a sorte e o bom gosto de ter os olhos debruçados sobre “Incontroversos”. Observe e aproveite bem a paisagem.

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O Lábaro

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