ARQUIMEDES BORGES: “PAPAI NOEL QUE NOS AJUDE”

Arquimedes Borges – economista, produtor rural, ex-prefeito de Paracatu e liderança regional no Noroeste de Minas

 Você também acredita que tem muito mais a agradecer este ano? Eu concordo. Perdemos ou conhecemos pessoas que perderam entes queridos, mas seguimos em frente. Passamos pela pior crise de Saúde até aqui e, se Deus quiser, estaremos celebrando o Natal com abraço de verdade, ao vivo e a cores. Não bastasse isso, temos um Ano Novo já a caminho, repleto de esperança de dias melhores.

Eu sei que já passamos da idade de acreditar em duendes e em Papai Noel, mas toda a esperança vale a pena quando a causa é boa. Por isso, esse ano eu agradeço e recorro ao senhor, meu Bom Velhinho, para fazer os meus pedidos. Decidi usar o clima do Natal, mas meus pedidos são para o Ano Novo. Sei que não é uma mera virada no calendário que resolve as coisas, mas, neste caso, a passagem de ano fará diferença porque entraremos em mais um período eleitoral e as decisões que tomarmos farão a diferença para o nosso futuro.

Por isso, neste Natal, não venho pedir nada para mim, que tenho o suficiente para viver. Venho pedir pela gente que vive na minha Região. São pessoas fortes, corajosas, trabalhadoras, mas que enfrentam muitas dificuldades e obstáculos pelos quais não precisariam passar.

Para a maioria das pessoas daqui, é difícil conseguir um bom atendimento de Saúde. A juventude tem dificuldade de encontrar um caminho profissional pela falta de qualificação técnica e superior. Assim, acabam tendo que abandonar sua família, sua casa, para ir buscar um futuro em outros lados.

Veja só, Papai Noel: aqui tem um montão de famílias que trabalham de sol a sol em suas terras e ainda não têm seus títulos de propriedade, mesmo já havendo legislação vigente para isso. Eu vejo esperança e garra nos olhos dos meus conterrâneos. Poucos tiveram as mesmas oportunidades que eu tive e essa realidade precisa mudar. Aqui, nada nos foi dado de presente, tudo foi fruto de muito suor e conquistado com orgulho. Mas nossa gente precisa de mais.

Portanto, neste Natal, o presente que desejo receber é poder ver, num futuro próximo, um novo mundo de oportunidades para os bravos filhos dessa terra fértil. Não são conquistas simples ou fáceis, mas já teríamos conseguido se houvesse mais apoio. E o pior é que uma coisa depende da outra. E se esta outra em seguida acontece, melhora muito a seguinte, e assim vai. Por outro lado, se falta alguma peça, inicia-se um efeito dominó negativo, em que escassez gera mais escassez.

E, assim, a gente corre o risco de continuar sem entender porque a nossa dor não comove aqueles que a assistem com indiferença. Eles são os mesmos que e se beneficiam das carestias da nossa região, fornecendo soluções paliativas para nossos problemas, sem nunca trazerem a cura definitiva para o que aflige a nossa terra.

Papai Noel: se melhorarmos as condições da Educação Básica nos 19 municípios do Noroeste, teremos crianças melhor preparadas para o futuro. Para isso, precisamos de programas de qualificação de professores, estruturas físicas adequadas e recuperar muito do que foi abandonado antes e durante a Pandemia. E não podemos nos esquecer das escolas de níveis Técnico e Superior, porque esta fase da formação profissional é muito importante para mantermos nossos jovens aqui.

E, depois que se formarem, precisaremos ter empregos para que estes jovens possam progredir. Então, precisaremos também de indústrias, de produção. Para que estas indústrias se instalem aqui, nossas cidades precisarão de bom abastecimento de energia e água, além de infraestruturas de transporte adequadas.

Temos feito nossa parte, aproveitando bem o solo rico e fértil para semear, cultivar e colher. Mas ainda precisamos de melhores condições para o escoamento da nossa produção. Precisamos de estradas bem conservadas e da opção de transporte por ferrovia. Se achar este pedido meio complicado, Bom Velhinho, eu posso explicar melhor esta parte e o senhor vai concordar comigo, acredite.

Acha que eu estou pedindo coisas demais? Pode parecer mesmo, Papai Noel. Mas eu posso simplificar o pedido em uma frase: traga o Desenvolvimento para a gente. Parece complicado também? É simples, Papai Noel: o Noroeste precisa, antes de mais nada, de se unir para avançar rumo ao desenvolvimento. E, unidos, sejamos nós os responsáveis pelo Movimento que será necessário, nos próximos anos, para a conquista do que queremos e que tanto nos falta em nossa região. Toque o coração dos que vivem no Noroeste em prol deste Caminho Comum, Bom Velhinho! O resto será consequência. Nós vamos crescer e a nossa região vai mudar. Já esperamos demais, Papai Noel. Nossa hora chegou! Feliz Natal!

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